Enquete

Beneficiados, deputados de MG se omitem sobre regalias 

Dos 53 parlamentares do Estado, 22 se recusaram a falar sobre o assunto e oito se esquivaram

Dom, 01/03/15 - 11h00

Em meio à polêmica sobre o pacote de bondades concedido aos deputados federais na última quarta-feira, 30 dos 53 representantes de Minas na Câmara Federal se omitiram ao ser questionados se as novas regalias, com aumento das verbas de gabinete e o pagamento de passagens aéreas para os cônjuges dos parlamentares, são justas.


Levantamento feito pela reportagem de O TEMPO nos últimos três dias apontou que dos 31 deputados que atenderam a reportagem, oito se esquivaram de responder a pergunta. Outros 22, apesar de procurados da última quinta-feira até neste sábado à tarde não se pronunciaram, mesmo suas assessorias tendo sido informadas sobre o motivo da ligação.

Além das assessorias, os parlamentares também foram procurados nos celulares pessoais e nos telefones dos gabinetes em Brasília e dos escritórios em Minas. Dos 31 que falaram, 23 se posicionaram claramente sobre o assunto: 13 consideraram as medidas injustas sob o argumento de que a situação econômica do país não é favorável ao aumento da concessão de benefícios aos políticos, seis avaliaram como justos os benefícios e quatro disseram concordar em parte com a situação.

Os oito que não quiseram revelar sua opinião usaram diferentes argumentos para não comentar a decisão que irá provocar um impacto de R$ 150 milhões aos cofres do país em 2016 – entre as medidas está o aumento do gasto mensal dos gabinetes de R$ 78 mil para R$ 92 mil a partir de abril. Dinheiro que será gasto sem que os parlamentares tenham que mexer nos salários de R$ 33.700. “Esses reajustes são para corrigir o que não é corrigido há quatro anos, para a própria Casa funcionar”, justifica Mário Heringer (PDT). “Essas passagens são dadas para não desagregar a família. É uma bobagem porque as passagens são tão baratas”, completa Mauro Lopes (PMDB).

O questionamento provocou diversas reações entre os deputados mineiros. Alguns não disfarçaram o incômodo ao falar do assunto e houve quem se mostrou irritado. “Não tenho comentário para fazer até porque eu não dou entrevista por telefone”, disse a novata Brunny (PTC).

Silêncio. Os novatos de Câmara preferiram não polemizar. “Como entrei agora, ainda não tenho uma posição. A Mesa fez o estudo. Decidiu esse pacote”, disse o recém-empossado Edson Moreira (PTN). Wadson Ribeiro (PCdoB), outro novato na Câmara Federal, transferiu para a Mesa Diretora a responsabilidade pelas recentes decisões. Ele, no entanto, disse ser contra a chamada “bolsa esposa”.

Um outro parlamentar, sob a condição de anonimato, explicou o incômodo. Segundo ele, ninguém quer se indispor com os colegas e, principalmente, com o presidente da Casa. “Muitos têm receio da opinião pública e também do próprio Eduardo Cunha”.

Divididos
Opinião.
Alguns deputados se dizem divididos sobre a questão: são contra a chamada ‘bolsa esposa’, mas não veem problema nos demais benefícios concedidos.

---

O TEMPO reforça o compromisso com o jornalismo mineiro, profissional e de qualidade. Nossa redação produz diariamente informação responsável e que você pode confiar.

Siga O TEMPO no Facebook, no Twitter e no Instagram. Ajude a aumentar a nossa comunidade.