São Paulo

Bolsonaro bate boca com repórter em Guaratinguetá

No início da entrevista desta segunda-feira, Bolsonaro lamentou as mortes por Covid no país e ressaltou que sempre defendeu o tratamento precoce

Por Da Redação Com Folhapress
Publicado em 21 de junho de 2021 | 18:13
 
 
Presidente Bolsonaro Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

O presidente Jair Bolsonaro discutiu com uma repórter de uma afiliada da TV Globo e integrantes da sua própria equipe nesta segunda-feira (21), após a formatura de sargentos da Aeronáutica em Guaratinguetá (SP). 

Em um dos momentos da entrevista, o presidente se irritou também após ser lembrado que foi multado pelo Governo de São Paulo por não usar máscara. 

"Cala a boca, vocês são uns canalhas. Vocês fazem um jornalismo canalha que não ajuda em nada. Vocês destroem a família brasileira, destroem a religião brasileira. Vocês não prestam", disse.

 

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— O Tempo (@otempo) June 21, 2021

 

"A Rede Globo não presta. É um péssimo órgão de informação. Se você não assiste à Globo, você não tem informação. Se você assiste, está desinformado. Você tinha que ter vergonha na cara por prestar um serviço porco desse", finalizou.

No fim da entrevista, Bolsonaro tirou a máscara repentinamente.

"Me botem no Jornal Nacional agora. Estou sem máscara em Guaratinguetá. Está feliz agora?", questionou.

No início da entrevista desta segunda-feira, Bolsonaro lamentou as mortes por Covid no país e ressaltou que sempre defendeu o tratamento precoce.

"Lamento todos os óbitos. Muito. É uma dor na família. E nós, desde o começo, o governo federal teve coragem de falar em tratamento precoce. Como está sendo conduzida essa questão parece até que é melhor se consultar com jornalistas do que com médicos", ironizou.

O presidente disse que é a primeira vez na história que se busca atender pessoas depois de estarem hospitalizadas. "Sempre se falou em tratamento precoce, para mulher, para homem. Os médicos sempre falam dessa maneira. Não sei porque aqui você não pode falar de tratamento precoce no Brasil."

Novamente, Bolsonaro disse que era a prova viva de que o tratamento precoce funcionava.

"Tudo o que eu falei sobre a Covid, infelizmente, para vocês, deu certo. Tratamento precoce salvou a minha vida. Muitos jornalistas falam comigo reservadamente que usaram hidroxicloroquina e ivermectina. Por que vocês não admitem isso?", questionou.

Sobre o não uso de máscara, o presidente afirmou que as pessoas fazem o que quiser.

"Eu estava com capacete balístico a prova de 762 [durante passeio de motocicleta em São Paulo no último dia 12]. Então, vou ser multado toda vez que andar de moto por aí? Sou alvo de canalhas do Brasil. Eu chego como quiser, aonde eu quiser, eu cuido da minha vida. Se você não quiser usar máscara, você não usa", disse.

O presidente voltou a citar um documento do Tribunal de Contas da União (TCU) que menciona uma suposta supernotificação de casos da Covid-19 no Brasil. Segundo o Tribunal, o documento era uma análise pessoal de um servidor, que havia sido compartilhada para discussão e não integrava processos oficiais. A corte investiga o auditor responsável pela divulgação.

Durante evento de formatura, Bolsonaro ficou uma parte do tempo sem usar máscara. No discurso de apenas três minutos, não fez menções à pandemia e nem abordou questões políticas.

Na noite da segunda-feira (21) a "Globo" emitiu uma nota comentado o assunto. "A Globo e a TV Vanguarda repudiam o tratamento dado pelo presidente à repórter Laurene Santos, que cumpria apenas o seu dever profissional. Não será com gritos nem intolerância que o presidente impedirá ou inibirá o trabalho da imprensa no Brasil. Esta, ao contrário dele, seguirá cumprindo o seu papel com serenidade. À Laurene Santos, a irrestrita solidariedade da Globo e da TV Vanguarda", diz o comunicado.

Mourão

 

O vice-presidente Hamilton Mourão (PRTB) também foi questionado nesta segunda-feira sobre as 500 mil mortes por Covid no Brasil. Para ele, há uma questão social que agrava o quadro no país.

"É muito triste você perder esta quantidade de vidas. É uma doença difícil e é o retrato da desigualdade socioeconômica que nós sofremos", afirmou pela manhã, ao chegar à Vice-Presidência.

"Tem gente que tem tratamento melhor, tem gente que não tem, tem gente que não consegue chegar no hospital. Então, é consequência dessa situação que a gente vive e que nós temos que corrigir", disse.