Crise

Caciques do PMDB duelam e interlocução fica mais difícil 

Com Renan Calheiros e Eduardo Cunha em posições divergentes, correligionários pedem conversa

Ter, 28/04/15 - 03h00

Aliado mas nem tanto e constantemente em pé de guerra, o PMDB convive com posições divergentes dos presidentes do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL) e da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Um fenômeno nada novo internamente no maior partido do Brasil e que ajuda a dificultar a interlocução do governo federal com a legenda.

O embate começou nas discussões sobre a terceirização para atividade-fim, aprovada na Câmara, sob as bênçãos de Eduardo Cunha. Renan, no entanto, ameaça barrar tudo no Senado. E enquanto alguns consideram natural mais uma divergência, há alas preocupadas com o embate que pode fragilizar a legenda nacionalmente.

O ex-ministro da Saúde, deputado federal Saraiva Felipe, é do grupo que está em alerta. Ontem ele disse estar pronto para atuar como “bombeiro” para ajudar os presidentes do Senado e da Câmara a aparar arestas.

“Não tenho pretensão de achar que vou resolver o problema, mas quero ajudar. Tenho trânsito em Brasília e estou em permanente interlocução com Calheiros e Cunha. Não acho natural esse tipo de divergência. Não acho bom que problemas sejam criados dentro do nosso partido, especialmente em momento em que se pode agravar uma crise”, diz Saraiva, que foi integrante do primeiro escalão do governo Lula em 2005 e 2006

Outro ex-ministro, Hélio Costa (Comunicações) considera natural as divergências internas do partido. “Não vejo nada de errado. Isso é normal. Acho que falta conversar. Sempre encontramos um meio termo”, defendeu o ex-titular da pasta de Comunicações.

Costa, ministro entre 2005 e 2010, destacou que o vice-presidente Michel Temer (PMDB) tem reconhecida atuação no papel de mediador de conflitos e que, por isso, nos últimos dias, a relação do governo com o PMDB melhorou muito.

Na mesma linha de contemporizar está o ex-governador e ex-deputado federal Newton Cardoso. Amigo pessoal de Cunha, Newton não quis render a polêmica entre os dois caciques do PMDB. Questionado sobre as rusgas entre Calheiros e Cunha, brincou que trata-se de “briga de amor” e “ciúmes por mais espaço”.

Ontem, a presidente Dilma Rousseff (PT) também contemporizou quando questionada sobre a relação do governo federal com o PMDB, evitando ampliar qualquer desgaste com o partido e suas lideranças também em rota de colisão.

“Eu acho que tem uma mania no Brasil, que é de procurar conflito extraordinário onde não tem conflito extraordinário. Se você vive em uma democracia, você parte do pressuposto que há diferença entre, principalmente num país continental, há diferenças de posição”, disse a presidente.

Dilma ainda afirmou que não tem e ninguém tem de “pensar igualzinho uns aos outros. E acrescentou que há diferenças entre o que pensam os partidos.

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