Economia

Caso Santander foi ‘lamentável’

Presidente Dilma defende política econômica e diz que vai tomar atitude clara em relação a banco

Seg, 28/07/14 - 22h23
Entrevista. A presidente participou de sabatina promovida por “Folha”, Uol, SBT e rádio Jovem Pan | Foto: ICHIRO GUERRA/PT/DIVULGAÇÃO

Brasília. A presidente Dilma Rousseff (PT), candidata à reeleição, defendeu nesta segunda a política econômica do governo federal e respondeu, pela primeira vez, à nota do Santander, que enviou a seus clientes VIPs uma análise relacionando uma possível vitória da petista com uma crise na economia. Em sabatina promovida pela “Folha de S.Paulo”, pelo portal UOL, pelo SBT e pela rádio Jovem Pan, Dilma classificou de “lamentável” e “inadmissível” a carta do banco.


A direção do Santander teve de se retratar e se desculpou pelo envio do relatório, alegando ter sido um erro de um analista que divulgou a recomendação sem consultar superiores. Sem citar diretamente o episódio, a presidente fez um alerta: quem especular com a eleição vai se dar mal.

“Sempre que especularam, não se deram bem”. “Eu acho que é inadmissível aceitar qualquer nível de interferência de qualquer integrante do sistema financeiro de forma institucional na atividade eleitoral e política”, afirmou. Questionada se foi o caso do Santander, Dilma disse: “A pessoa que escreveu a mensagem fez isso sim, e isso é lamentável. Isso é inadmissível pra qualquer, eu diria qualquer candidato. Seja eu ou qualquer outro”, relatou ela, acrescentando que tomará uma “atitude bastante clara em relação ao banco”, mas sem explicitar qual.

Copa e pessimismo. A presidente afirmou que a inflação vai ficar no teto da meta (6,5%), mas que não está descontrolada. Dilma comparou seu governo com o do tucano Fernando Henrique Cardoso (1995-2002): “O presidente Lula pegou taxa de inflação extremamente alta, de 12,5%, do FHC. Acho que usam dois pesos e duas medidas para julgar meu governo. Ela (a inflação) não está descontrolada”, disse.

Para a candidata, o Brasil enfrenta o pior momento da economia internacional desde 2008, quando o mundo foi atingido por uma grave crise financeira. Àquela altura, o então presidente Lula afirmou que os efeitos daquela crise atingiriam o país como uma “marolinha”. Nesta segunda, Dilma reconheceu que era uma avaliação equivocada. “Está havendo o mesmo pessimismo que aconteceu com a Copa com a economia brasileira. E com a economia é mais grave, porque economia é feita com expectativa. Se alguém bota na cabeça que a situação está descontrolada (...)”, argumentou.

Consultoria. A pedido da campanha da presidente Dilma, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) obrigou a consultoria econômica Empiricus Research a retirar do ar uma campanha publicitária relacionada com as eleições.

A campanha estava sendo veiculada na internet por meio de anúncios no Google e orientava os clientes sobre em quais ações investir em caso de vitória de determinado candidato.

Dois anúncios se tornaram populares na web: “Como se proteger da Dilma: saiba como proteger seu patrimônio em caso de reeleição de Dilma” e “E se Aécio Neves ganhar? Que ações devem subir se Aécio ganhar a eleição”.

Empresários querem doar, diz tesoureiro

Brasília.
O tesoureiro da campanha de Dilma Rousseff (PT), Edinho Silva, afirmou nesta segunda que a arrecadação de recursos para a reeleição da presidente ocorre sem dificuldades, mesmo em um cenário de baixo crescimento econômico, com impactos para empresas.

De acordo com Edinho, a arrecadação tem contado com a proatividade de empresários. “Muitos ligaram e ofereceram contribuições para nós, o que mostra o entendimento de que a crise econômica é globalizada, oriunda da Europa e dos Estados Unidos e nós sofremos com os impactos”, afirmou.

Ausentes
Evento.
Nenhum integrante do governo federal foi ao III Encontro Internacional de Reitores, promovido pelo banco Santander nesta segunda no Rio de Janeiro.

Cancelado. O vice-presidente Michel Temer, que confirmara presença, cancelou a participação no domingo, após a divulgação do polêmico informe associando o crescimento de Dilma nas pesquisas à piora da economia.

Prepostos. Nem o ministro da Educação, Henrique Paim, e o prefeito do Rio, Eduardo Paes, participaram da conferência.

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