Caso Daniel Silveira

Pacheco diz que perda de mandato deve passar pelo Congresso

Mandato outorgado pelo voto popular só pode ser retirado pela própria casa legislativa através da votação dos pares, defende o presidente do Senado

Por FERNANDA VALENTE
Publicado em 26 de abril de 2022 | 14:09
 
 
Rodrigo Pacheco (DEM), senador Foto: Roque de Sá/Agência Senado

O presidente do Senado Rodrigo Pacheco (PSD) defendeu nesta terça-feira (26) que a questão da perda do mandato de parlamentares, como é o caso do deputado federal Daniel Silveira (PTB), deve ser submetida à análise da Casa Legislativa.

“A melhor inteligência da Constituição é nesse sentido quando se exige a apreciação da maioria dos pares. O mandato outorgado pelo voto popular só pode ser retirado pela própria casa legislativa através da votação dos pares”, afirmou Pacheco quando questionado sobre o caso de Silveira. 

O parlamentar do PTB foi condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a 8 anos e 9 meses de prisão, em regime fechado, por ataques às instituições e a ministros da Corte. Por maioria, os ministros também decidiram pela perda do mandato e dos direitos políticos, o que o tornaria o deputado inelegível. 

A questão da perda de mandato divide o entendimento do STF. Parte dos ministros entende que a cassação é automática após o trânsito em julgado da sentença, ou seja, quando esgotarem as possibilidades de recurso. 

No dia do julgamento, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), entrou com um recurso pedindo que o Congresso dê a palavra final em casos de cassação de parlamentares condenados pela Corte. O pedido não cita Silveira, mas pode beneficiá-lo. 

Um dia após a decisão do STF, o congressista foi beneficiado com o perdão da pena em decreto do presidente Jair Bolsonaro (PL). Segundo o ministro Alexandre de Moraes, relator do processo, o indulto não afasta a inelegibilidade. Há juristas que entendem que o indulto também não atinge a perda do mandato. 

Pacheco já disse que Congresso não pode derrubar perdão de Bolsonaro a Silveira. Ele defendeu que "certo ou errado", o decreto é "comando constitucional que deve ser cumprido".

O Supremo vai se reunir para analisar ações que apontam a nulidade do decreto. A relatora desses pedidos, Rosa Weber, já indicou que eles serão julgados diretamente no Plenário da Corte. Até o momento, não data prevista.

Pacheco alerta sobre responsabilidade na aprovação de projetos

Rodrigo Pacheco falou rapidamente com a imprensa após palestra no Superior Tribunal de Justiça (STJ) sobre os 20 anos do Código Civil.

Ele foi questionado sobre projetos de lei que visam anistiar crimes políticos, como o que vem sendo discutido pela deputada federal Carla Zambelli (PL) e que livraria Silveira. 

O senador defendeu a prerrogativa de parlamentares apresentarem projetos, mas também pediu cautela: “a maioria do Parlamento tem que ter muita responsabilidade na aprovação de projetos”.

“Quando digo que nós temos que ter o comprometimento com a segurança jurídica, previsibilidade, com a clareza normativa do Brasil, isso envolve o Poder Legislativo, que não pode a qualquer sopro do vento promover alterações legislativas significativas que momentaneamente sejam interessantes, mas que numa visão de longo prazo não são”, alertou.

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