Estratégia

Cunha tenta cortina de fumaça 

Peemedebista quer usar impeachment de Dilma para tirar foco da Lava Jato sobre seu nome

Por Da Redação
Publicado em 09 de outubro de 2015 | 20:15
 
 
Avisos. Aliados de Cunha afirmam que ele está “equivocado” sobre apoio popular a seu nome FÁBIO MOTTA

Brasília. Apontado pelo Ministério Público (MP) da Suíça e investigado pela força-tarefa da Lava Jato como sendo o titular de contas secretas mantidas no país europeu, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), tentará usar o pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff apresentado pelo ex-petista Hélio Bicudo como cortina de fumaça, segundo admitem aliados dele.

Temendo uma tormenta ainda maior contra si – o que, acredita, deve ocorrer também na semana que vem –, Cunha vai dar início à onda do impeachment como forma de se proteger da divulgação do documento na qual constaria sua assinatura como beneficiário dos recursos que estão congelados na Suíça.

Reportagem do jornal “O Globo” afirma que Cunha foi procurado para falar sobre a menção a seus dados pessoais e endereço residencial no relatório do MP da Suíça, mas não retornou os contatos. A assessoria informou que seus advogados poderiam falar, mas esses não atenderam as ligações. Em duas entrevistas, durante o dia, Cunha se negou a falar do assunto.

O presidente da Câmara tem conversado com aliados para reiterar que não tem contas no exterior, mesmo depois que o Ministério Público Federal recebeu os documentos oficiais da Suíça. Está convencido de que, uma vez que o assunto impeachment entre no horizonte, a população brasileira vai voltar toda sua atenção para a situação da presidente Dilma. E, para espanto de alguns interlocutores, Cunha acredita plenamente que receberá apoio popular para manter-se no cargo.

No entanto, alguns aliados têm dito a ele que a população vai torcer para ver todos políticos caírem. Para esses aliados, Cunha tem tido uma visão equivocada da situação por tomar como base apenas os apoios que tem recebido de evangélicos.

Assinatura. Investigadores suíços encontraram a assinatura de Cunha em documentos bancários e de empresas atribuídas a ele no país. O aparecimento de mais provas faz aumentar no PSDB o coro dos que defendem o afastamento do peemedebista. “Uma vez demonstrada (a existência das contas), creio realmente que a posição dele fica insustentável. O afastamento é a melhor saída”, disse nesta sexta-feira o senador Aloysio Nunes (PSDB-SP).

A posição dele é a mesma de outros tucanos que participaram, em Montevidéu, de um encontro entre empresários e políticos promovido por João Doria Jr., filiado ao PSDB e pré-candidato à Prefeitura de São Paulo. “Politicamente, está na hora de a Câmara dos Deputados fazer alguma coisa. Os fatos são relevantes, tanto do ponto de vista penal como político”, afirmou o governador do Mato Grosso, Pedro Taques (PSDB).

Insustentável

Decisão. Os partidos de oposição se reunirão na terça-feira em Brasília para uma posição conjunta sobre Cunha. Eles estão cientes de que a situação do peemedebista está insustentável.