Políticos

Custeio de passagens é reprovado por 73,1%

População mineira também rejeita uso de voos da FAB pelas autoridades

Seg, 26/02/18 - 03h00

Pela terra ou pelo ar, as autoridades brasileiras possuem regalias em relação ao transporte que parecem estar distantes da realidade da maioria dos brasileiros. Conforme o projeto Minas no Brasil de 2018, a maioria dos entrevistados é contra a disponibilização de passagens aéreas ou de aviões da Força Aérea Brasileira (FAB) para que ocupantes de cargos públicos se desloquem de suas cidades de residência para o local de trabalho, mas se dividem sobre a oferta de veículos oficiais.

Segundo dados coletados pelo Grupo Mercadológica, 50,8% dos mineiros discordam da concessão de carros oficiais para deslocamentos das autoridades, em especial as mulheres e pessoas das classes C, D e E. Outros 48% concordam, mas desde que para uso exclusivo em serviço, e 1,2% aprovam a utilização independentemente da finalidade.

A grande parte dos entrevistados (73,1%) no Estado também não é favorável ao pagamento, por parte do contribuinte, de passagens aéreas para que as autoridades, como deputados federais e senadores, possam ir de seus municípios de origem para onde trabalham. Os que concordam com essa benesse somam 26,9%.

O uso de aviões da FAB por parte de ministros de Estado, presidentes do Senado, da Câmara dos Deputados e do Supremo Tribunal Federal (STF) sempre foi alvo de críticas da opinião pública. O índice daqueles que concordam com a utilização das aeronaves em serviço ou para o retorno para casa é de 2,7%. A parcela de 37% aprova se o uso for exclusivamente para trabalho. A maioria, que representa 60,3%, discorda desse benefício em todos os casos.

A faxineira Ivone Fernandes, 56, é contra todas essas vantagens referentes ao transporte de autoridades. Na avaliação dela, o tratamento de pessoas “comuns” em comparação com o que é aplicado a parlamentares, por exemplo, é muito díspar. “Eu acho errado. Eles já têm benefícios demais. Tem muita gente que ganha pouco e, às vezes, tem que inteirar do bolso a passagem para ir trabalhar, por conta do preço alto do transporte. Tem gente que não consegue emprego porque mora longe demais e acaba dando mais gastos para a empresa. Enquanto isso, eles têm todos esses benefícios”, disse.

Já o motorista José Carlos de Oliveira, 46, se posiciona contra o uso que é feito de voos da FAB, mas considera que outros auxílios, quando utilizados somente em prol do trabalho, são válidos. “No caso dos carros, eu concordo somente para o uso exclusivo em serviço, porque eles precisam se locomover. Para levar filhos e parentes eu não concordo. A mesma coisa com passagens aéreas: só para uso exclusivo. Mas sou contra o uso dos aviões da FAB porque é um custo muito alto. É muita mordomia. É um absurdo”, ressaltou.

 

Tolerância é maior com quem reside com servidor público

O levantamento aponta que, entre os entrevistados mineiros que moram em domicílio onde também reside algum servidor público, a probabilidade de eles concordam com o uso de veículos oficiais é maior. Entre aqueles que moram com servidores (familiares ou não), 59% aprovam a disponibilização de carros oficiais, mas só para o uso relacionado ao trabalho. Outros 40% são contrários, e o restante (1%) concorda com o uso em todos os casos.

Já no grupo de pessoas que não moram com funcionários públicos, 45,7% concordam em conceder esse benefício, mas exclusivamente para serviço. Outros 53,1% discordam, e 1,2% tolera o uso para qualquer finalidade.

Detalhes

No mesmo teto. Entre as pessoas ouvidas pela amostragem que convivem com um servidor público em casa, ficou constatado que a chance de elas concordarem com concessão de passagens aéreas para autoridades é maior.

Dados. Segundo a pesquisa, nesse grupo, 31,7% aprovam a disponibilização de passagens e 68,3% são contrários. Na parcela que não tem servidor na família, 25,9% concordam e 74,1% refutam. 

---

O TEMPO reforça o compromisso com o jornalismo mineiro, profissional e de qualidade. Nossa redação produz diariamente informação responsável e que você pode confiar.

Siga O TEMPO no Facebook, no Twitter e no Instagram. Ajude a aumentar a nossa comunidade.