Eleições 2018

Deputados já cogitam hipótese de Pimentel não ser candidato

Quadro de desânimo do governador traz à tona nome de Josué Alencar ao Estado

Qua, 04/07/18 - 03h00

Uma nuvem de dúvida paira hoje sobre a pré-candidatura do governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel (PT), à reeleição. No meio político, parlamentares da base do petista e também da oposição contam que ele já teria confidenciado aos mais próximos que pensa em desistir de disputar o pleito deste ano. Em seu lugar, concorreria um quadro de uma legenda aliada. O preferido para o cargo seria Josué Alencar, do PR, que é filho do ex-vice-presidente da República José Alencar.

Nos bastidores é dito que o petista estaria desanimado com a candidatura, uma vez que em pesquisas de intenções de voto encomendadas pelo partido ele estaria registrando os mesmos índices, sem apresentar nenhum crescimento expressivo. O receio do governador é não conseguir apoio dos deputados na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) para aprovar projetos que possam trazer mais recursos para os cofres do Estado e, assim, piorar ainda a situação econômica.

Pimentel tem viajado pelo interior e atuado de forma mais frequente nas redes sociais para alavancar a pré-campanha. No entanto, segundo interlocutores, os resultados não têm sido satisfatórios. Por isso, o que está em avaliação agora pelo atual governador é se ele vai ter chances reais de vitória em uma eleição que pode ser polarizada, uma vez que o principal concorrente dele para o posto é o senador Antonio Anastasia (PSDB). 

“Hoje isso é mais especulação. Ele está na lideranças, as pesquisas têm permanecido inalteradas. Ele sofre um boicote fiscal e político muito grande. Na Assembleia há projetos que dariam muito dinheiro para o Estado, mas que os deputados não aprovam. A situação do Estado já era pra estar resolvida desde maio, e nada ainda. Então, vamos ver se ele não vai apresentar queda nessas pesquisas, como o quadro vai se apresentar neste mês, que é decisivo. Ele vai decidir”, afirmou um deputado petista.

Além disso, parlamentares da base e da oposição na ALMG contaram à reportagem que Pimentel e seus secretários não têm tido diálogo com os parlamentares para tentar viabilizar mais recursos para a administração estadual por meio da Casa. O consenso é de que o momento é “estranho” e que a possibilidade de ele desistir do pleito é uma hipótese com que o PT já tem lidado. “Ele vive num mundo dele, não conversa, nos eventos fica com os discursos de sempre, sem soluções. Falta ânimo”, contou um parlamentar independente.

Alternativas. Em meio a esse cenário de incerteza, o nome de Josué Alencar tem sido especulado para assumir a cabeça de chapa diante de uma desistência de Pimentel. Nessa conjuntura, seria escolhido um vice considerado mais “político”, já que o filho do ex-vice-presidente é visto como “turrão” em negociações. Dessa forma, o espaço de vice poderia ser ocupado por um nome do PT – é ventilado o do ex-secretário de Estado de Governo e deputado federal Odair Cunha.

Publicamente, os petistas não assumem que exista a possibilidade de o governador recuar da reeleição, já que a candidatura da ex-presidente Dilma Rousseff ao Senado pode atrair mais votos para ele e ajudar nas pesquisas. O deputado estadual Rogério Correia (PT) afirmou que não tem conhecimento dessa articulação. “As coisas não andam fáceis. É crise financeira, boicote do governo (Michel) Temer, recessão econômica, golpe, mas a luta continua”, declarou.

Legislação

Vaga. Se o governador Fernando Pimentel desistir da reeleição ele não vai poder disputar mais nenhum cargo político neste ano, já que o prazo de desincompatibilização se encerrou em abril.

 

Mesmo sob desconfiança, há debates com cinco partidos

Lideranças do PT continuam articulando alianças independentemente dessa sinalização do governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel (PT), de desistir da reeleição. Hoje, as conversas acontecem com cinco siglas: PR, PCdoB, PMN, PSDC e PV, sendo que os cargos disponíveis são de uma cadeira no Senado e o posto de vice. Isso porque a ex-presidente Dilma Rousseff (PT) anunciou, na última semana, que vai disputar o posto de senadora pelo Estado.

Nas conversas internas da legenda dois nomes são desejados para esses cargos: a deputada federal Jô Moraes (PCdoB) e o empresário Josué Alencar (PR), que é filho do ex-vice-presidente da República José Alencar. Ainda não está definido qual cargo cada um poderia ocupar na chapa.

O deputado federal Reginaldo Lopes confirmou que os dois nomes são preferidos para compor com Pimentel. “Naturalmente, na minha opinião, no nosso desenho, trabalhamos para compor nessa chapa o Josué Alencar e a Jô Moraes. Eu acho que esse é o arranjo ideal para o nosso campo político, que vai defender o Lula como presidente. Então, dentro desse arranjo, dependendo da conjuntura política e nacional, tudo pode acontecer”, defendeu. 

Além dos petistas, Jô Moraes também já foi cortejada para participar da chapa do ex-prefeito de Belo Horizonte e pré-candidato ao governo de Minas Gerais pelo PSB, Marcio Lacerda. Na chapa dele, a comunista disputaria o Senado, que é desejo dela. No entanto, a parlamentar explica que as discussões ainda estão em andamento e que na próxima reunião da executiva nacional do PCdoB o tema em pauta vão ser as eleições no Estado.

“Nós estamos buscando a construção em que o PCdoB tenha um espaço e que dê essa visibilidade para a candidatura ao Senado a partir desse projeto. Não há razão de eu não ser candidata, mas ainda está tudo em construção, porque todos os candidatos estão em indefinição, tanto o ex-prefeito Marcio Lacerda quanto o governador Fernando Pimentel”, declarou a deputada federal.

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