Rivalidade

Disputa pela paternidade do OP 

PSDB e PT, mais uma vez, trarão para o centro do debate a criação do Orçamento Participativo

Por Isabella Lacerda
Publicado em 24 de fevereiro de 2014 | 03:00
 
 
Pimenta da Veiga vai destacar que foi o criador do Propar em 1989 Uarlen Valerio / O Tempo

No currículo de programas implementados durante as gestões do ex-ministro das Comunicações, Pimenta da Veiga (PSDB), e do ex-ministro do Desenvolvimento, Fernando Pimentel (PT), durante a administração da Prefeitura de Belo Horizonte, temas como a criação do Orçamento Participativo (OP) e a revitalização do centro da capital são apontados como realizações pessoais dos dois pré-candidatos. E a coincidência de projetos poderá gerar o primeiro embate entre os dois postulantes ao Palácio Tiradentes.

Não é a primeira vez que a briga pela paternidade de ações poderá ser transformada em arma das campanhas eleitorais. No pleito municipal de 2012, o mesmo OP citado agora por aliados de Pimentel como uma das grandes conquistas do PT se transformou em munição para o candidato à reeleição e apadrinhado do PSDB, Marcio Lacerda (PSB), criticar o adversário Patrus Ananias.

Desta vez, antes mesmo do início do período eleitoral, Pimentel, Pimenta e aliados já reivindicam a autoria do projeto de consulta popular. De um lado, os petistas garantem ser os grandes criadores do programa – fato que, segundo eles, ocorreu no governo Patrus, em 1994, e foi mantido nas administrações de Célio de Castro (PSB) e Fernando Pimentel (PT), políticos apontados como formuladores do OP.

“O OP foi lançado em 1993. Foram mil obras escolhidas pela população. É muito fácil aparecerem hoje vozes favoráveis. Antes, eram contra. Agora, são a favor. Claro, o trabalho mais difícil já foi feito. Enfrentamos muita oposição e incompreensão”, critica Pimentel.

No entanto, o ex-ministro de Fernando Henrique Cardoso Pimenta da Veiga afirma ter sido o primeiro prefeito a idealizar um modelo de consulta popular, conhecido em 1989 como Propar. Segundo o tucano, a estratégia de ouvir a população para decidir sobre os rumos da cidade foi adotada um dia após ele tomar posse como prefeito. “Criamos o Orçamento Participativo e tivemos centenas de reuniões discutindo o que iríamos fazer. Esse é um ponto que considero muito importante e que foi muito bem-avaliado na minha gestão”, explica Pimenta.

Embate. O tema já está sendo explorado pelo PSDB. Em vídeo de lançamento da pré-candidatura de Pimenta, a consulta popular foi a realização destacada no período em que o tucano administrou a prefeitura da capital.

Já do lado do PT, o partido também sinalizou para a importância do OP. No evento de pré-lançamento da de Pimentel, os petistas não pouparam críticas ao governo de Minas. Segundo eles, os tucanos “tomam decisões fechados em salas de reunião”. Até um jingle já foi criado em referência a isso.