Levantamento

Distritão alteraria menos de 10% dos eleitos em 2014

Aplicação da regra em debate geraria a troca de 45 dos 513 deputados eleitos na última disputa

Ter, 22/08/17 - 03h00

Defendido por parte dos políticos como uma das soluções para reduzir o número de partidos na Câmara dos Deputados, o distritão mudaria pouco o cenário atual se já estivesse em vigor nas eleições de 2014. Um levantamento realizado pelo Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap) mostrou que o número de partidos representados passaria de 28 para 27 e a mudança de parlamentares eleitos não chegaria a 10% do total de 513 deputados.

Segundo o levantamento, se nas últimas eleições nacionais fossem eleitos os deputados com mais votos, sem levar em conta o quociente eleitoral, haveria a troca de 45 parlamentares que hoje exercem o mandato n Câmara. Isso representa apenas 8,77% do total. Ou seja, mesmo com a mudança do sistema eleitoral, seriam mantidos os cargos de mais de 90% dos políticos que compõem a Casa atualmente.

Dos 28 partidos que hoje estão com representantes na Câmara dos Deputados, apenas o PSDC ficaria sem nenhum parlamentar se as eleições fossem como prevê o distritão. Nas bancadas, a que teria a maior mudança seria a paulista, com a troca de oito deputados. Minas é o segundo com mais trocas. Seriam cinco alterações entre os 53 eleitos, o que representa 9,4% do total.

Um dos deputados mineiros que ficaria de fora caso o distritão já estivesse valendo, Marcelo Álvaro Antônio (PR) é contra a adoção do modelo que está sendo discutido na comissão da reforma política.

“Eu não sou contra o distritão porque eu ficaria de fora nas eleições passadas se ele fosse adotado, mas porque ele é prejudicial para a democracia brasileira. Ele encarece as campanhas e beneficia às pessoas que já tem mandato. Portanto ele está desconectado com a vontade popular”, afirmou o parlamentar.

Na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), a mudança seria um pouco mais representativa. Haveria alterações em nove das 77 cadeiras, o que representa 11,7%.

Coligação. O Diap também fez a simulação de como ficariam as bancadas dos partidos na Câmara dos Deputados caso fosse mantida a votação proporcional, mas com a proibição de coligações entre os partidos. Nesse cenário as mudanças são mais profundas e beneficiariam principalmente os grandes partidos.

Se esse modelo estivesse valendo já nas eleições de 2014, o número de partidos com representação cairia de 28 para 23. Apesar dessa pequena redução, as bancadas dos grandes partidos teriam um crescimento expressivo. O PT, que elegeu 69 deputados nas últimas eleições, passaria para 102 parlamentares, mantendo a maior bancada juntamente com o PMDB que teria os mesmos 102 cadeiras. Em 2014, o PMDB fez 65 deputados. O PSDB também teria um importante crescimento passando de 54 para 68.

Dos demais 23 partidos que alcançariam representação sem coligações, apenas cinco também ganhariam cadeiras no sistema proporcional. Todos os demais teriam um número menor de parlamentares, afetando principalmente os partidos que compõem o chamado “centrão”. O PR é o que teria o maior prejuízo, com menos dez parlamentares. O PDT e o DEM aparecem em seguida com menos oito cadeiras.

Aproveitamento. Sem o quociente eleitoral, muitos votos seriam desperdiçados. Na eleição proporcional, 99% dos votos são válidos para eleger alguém. No distritão, esse índice cairia para 70%

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