Doorgal Andrada

Deputado Estadual (Patriota)

Doorgal Andrada

Empreendedorismo, trabalho e renda em Minas

Publicado em: Sex, 26/11/21 - 03h00

A atração de empreendimentos é um sonho que se repete nos municípios mineiros que visito. Lideranças políticas e a população, de maneira geral, compartilham a expectativa de instalação de uma grande indústria que vá revolucionar a economia local, gerando renda com a abertura de milhares de vagas de emprego. Isso ocorre em um momento complexo, no qual a pandemia teve pesados impactos negativos na economia e na oferta de trabalho, mas em que, ao mesmo tempo, registram-se patamares inéditos de novos empreendimentos anunciados para Minas.

Com ambiente de negócios mais amistoso, redução de burocracia e busca de mais competitividade, o governo de Minas comemora a atração de R$ 147 bilhões em investimentos para o Estado, entre janeiro de 2019 e setembro deste ano. Apenas em 2021, foram anunciados R$ 58,2 bilhões em novos empreendimentos, com geração de 40 mil empregos diretos e indiretos.

Sou testemunha do impacto positivo de empreendimentos de grande porte. No Triângulo Mineiro, por exemplo, Araguari, Indianópolis, Estrela do Sul, Nova Ponte e Romaria se beneficiam da instalação da LD Celulose, que tem investimento de US$ 1,3 bilhão e geração de mais de 6.000 vagas no pico da implantação e de pouco mais de mil empregos diretos na operação. A região, inclusive, pelo dinamismo, disponibilidade de áreas e logística, vem atraindo boa parte dos empreendimentos, sobretudo no agronegócio.

Em que pese o avanço conquistado, bem como os números superlativos dos valores e empregos desses projetos empresariais, a expectativa que os municípios e as pessoas alimentam pode se frustrar. Seja por haver mais demanda do que oferta de novos negócios, pelo fato de que a automação e a manufatura moderna reduzem o número de empregos gerados, seja porque grande parte do investimento é consumida por obras e equipamentos adquiridos em outras localidades ou ainda pelo tempo de maturação do empreendimento, nem sempre uma grande indústria é a solução para os desafios de crescimento econômico de uma localidade. Ela contribui enormemente, claro, mas pode não representar uma transformação radical.

Ao fim do segundo trimestre do ano, Minas tinha cerca de 1,4 milhão de pessoas desocupadas. Esse número é melhor do que a média nacional, o que pode refletir em certa medida o ambiente de negócios favorável, mas traz também um dado preocupante, já que boa parte do crescimento do nível de ocupação se deu na informalidade. Ou seja, os bicos e o trabalho por conta própria têm sido a opção.

Pela complexidade desse cenário, é fundamental que se busquem alternativas para gerar renda para a população. Nesse caso, além dos esforços pela atração de projetos empresariais de grande porte, que funcionam como “locomotivas” da economia, o que se mostra mais eficaz é o estímulo ao empreendedorismo, ao apoio para a criação e manutenção de pequenos negócios.

O Sebrae estima que as micro e pequenas empresas respondam por algo entre 60% e 70% dos empregos com carteira assinada no país. Ou seja, são os maiores empregadores. Então, quando se fala em empreendedorismo, não se trata de um esforço para ricos. Pelo contrário, é o caminho mais democrático e amplo para que as pessoas tenham ocupação e renda. Apoiar de forma decidida a criação de pequenos negócios com a redução da burocracia, acesso a crédito e tratamento diferenciado será, certamente, positivo para o desenvolvimento de Minas e do país.

Muito já se caminhou nesse sentido, principalmente com a Lei Geral da Micro e Pequena Empresa, de 2006, e as atualizações que ela vem recebendo. O caminho, porém, ainda está sendo trilhado. Acredite, um salão de beleza, uma lanchonete, uma startup tecnológica ou uma pequena indústria são muito mais relevantes do que se possa imaginar!

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