Minas Gerais

'É hora dos servidores trocarem as lideranças dos sindicatos', diz Otto Levy

Secretário ainda afirmou que governo espera ajuda federal até o dia 20 e que Estado está fazendo o possível para pagar salários do servidor ainda em junho

Por Da Redação
Publicado em 02 de junho de 2020 | 09:25
 
 
O secretário também defendeu a revogação da lei Kandir, devolvendo a Minas Gerais a competência tributária de cobrança do ICMS. Foto: Clarissa Barçante/ALMG/Divulgação

O secretário de Planejamento do governo de Minas, Otto Levy, criticou a postura do comando dos sindicatos de servidores públicos no Estado, apontando politização dos representantes da categoria. As declarações foram feitas na manhã desta terça-feira (2), em entrevista ao quadro Café com Política, do programa Super N, na rádio Super Notícia. Na mesma entrevista, ele enfatizou que espera a chegada de recursos do socorro federal aos Estados até o próximo dia 20 e falou da tentativa de viabilizar a venda da operação da extração de nióbio a bancos públicos.

Otto Levy afirmou que os servidores deveriam eleger um novo comando dos sindicatos, pois, segundo ele, os representantes dos trabalhadores têm feito jogo político em vez de buscar o que é melhor para o servidor. Ele comparou as posturas dos sindicatos nos episódios do confisco de recursos de consignados durante o governo Pimentel e, agora, na gestão de Romeu Zema, quando a situação começa a ser regularizada.

"Está na hora dos servidores trocarem as lideranças dos sindicatos", disse Otto Levy que, na véspera, também discutiu o assunto na Comissão de Administração Pública da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG). Para ele, os sindicatos pouparam o governo petista mesmo diante do desvio de recursos de empréstimos dos servidores, o que fez com que muitos funcionários fossem parar nos serviços de proteção ao crédito.

Otto Levy, que no encontro com os deputados já havia confirmado o pagamento da integralidade dos salários dos servidores da segurança e da educação para o próximo dia 15, voltou a dizer que o Estado tem buscado todas as alternativas para honrar o pagamento do restante dos servidores até o fim de junho. Ainda não há data prevista.

"Esse parcelamento se iniciou em janeiro de 2016 (no governo de Fernando Pimentel). Inicialmente, até dezembro de 2018, era parcelado em três vezes. Em janeiro de 2019 conseguimos reduzir para duas vezes e, desde janeiro de 2019 até abril de 2020 passamos a cumprir a data que anunciamos. Se não fosse essa pandemia, provavelmente teríamos conseguido continuar com essa política", disse Otto Levy. 

 

Dificuldades

O secretário traçou um panorama da perda de arrecadação do Estado com a crise relacionada ao Covid-19. Segundo ele, em abril, houve queda de R$ 1 bilhão na receita. Em maio, outros R$ 1,3 bilhão deixaram de entrar nos cofres do Estado. Para junho, a previsão é novamente um desfalque de R$ 1, 3 bilhão.

"Estamos esperando que a recomposição parcial da perda de receita (por parte do governo federal), que vai ser da ordem de R$ 700 milhões, seja feita até o dia 20 de junho", disse Otto Levy.

"O que o servidor pode esperar é que vamos fazer todo o possível para que consigamos pagar, dentro do mês de junho, o salário de servidor.
Ele pode ter certeza que nos temos duas prioridades: os recursos para combater a pandemia do coronavírus e, em segundo lugar, o pagamento do salário do servidor.

O secretário voltou a dizer que o Estado busca, junto ao Banco do Brasil e ao BNDES um acordo para a venda da operação de extração do nióbio. De acordo com ele, já houve reuniões com o presidente Jair Bolsonaro e com o comando dessas instituições para que um dos bancos, ou os dois, comprem a operação. Diante da pandemia, a estratégia inicial de vender a operação diretamente na bolsa precisou ser descartada.

"Esse dinheiro (da venda do nióbio) daria tranquilidade para conseguir pagar o salário por um tempo. Não vou dizer que seria possível acabar com o parcelamento do mês, mas traria tranquilidade para conseguir pagar o salário do servidor. Hoje nós não temos essa certeza. A gente fica sempre dependendo da arrecadação", completou.

Em resposta ao secretário Otto Levy, o subtenente Heder Martins, presidente da Associação dos Praças Policiais e Bombeiros Militares de Minas Gerais (Aspra-MG), informou que em 6 de abril de 2018, a instituição fez uma representação criminal contra o governo de Fernando Pimentel. "Foi uma denúncia-crime em razão dele estar segurando os consignados. Então, quando ele diz que é hora de trocar a liderança dos sindicatos, primeiro tem que entender que a Aspra não é um sindicato, mas uma associação, e eu não posso falar em nome de sindicatos. Mas, falando em nome da Aspra, eu discordo dele porque nós entramos com uma representação criminal", disse.