"NÃO VOU FALAR"

"Ele está bem", diz Dilma à viúva de Márcio Thomaz

Momentos antes da presidente começar a se despedir dos presentes, assessoria do ex-ministro organizou coletiva de imprensa em que ela faria uma declaração, no entanto, não consultou antes, porém, petista nem seus assessores

Por DA REDAÇÃO
Publicado em 20 de novembro de 2014 | 20:48
 
 

Foi Dilma Rousseff quem fez Maria Eleonor sorrir pela primeira vez na tarde desta quinta-feira (20), durante o velório de Márcio Thomaz Bastos, na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo. De mãos dadas com a viúva do advogado criminalista, a presidente cochichou uma história rápida sobre o amigo. Então levantou a cabeça e disse confiante: "Ele está bem". "Está, eu sei", respondeu sorrindo Maria Eleonor.

Apesar do tradicional semblante firme, Dilma estava emocionada. Chorou mais de uma vez enquanto conversava com a viúva. O olhar firme se perdia muitas vezes. O pé direito, calçado nos sapatos pretos de salto baixo, marcava uma marcha constante, acompanhado em ritmo pelas batidas do dedão também direito, entrelaçado nas mãos trêmulas de Maria Eleonor.

A viúva se interessou pela pulseira com um pingente de olho grego que a presidente carrega no pulso esquerdo, junto com o relógio. Foi presente da Fátima, mulher do ex-governador da Bahia Jaques Wagner. Dilma explicou que o objeto a protege de energias ruins. As duas sorriram juntas. Pela segunda vez.

Acompanhada dos ministros Aloizio Mercadante (Casa Civil), José Eduardo Cardozo (Justiça), Luís Inácio Adms (AGU) e do prefeito de São Bernardo do Campo, Luiz Marinho (PT), a presidente chegou pontualmente às 16h ao hall principal da Assembleia Legislativa de São Paulo, onde permaneceu por uma hora também exata.

Levantou-se apenas para ficar ao lado do caixão por alguns minutos. Marcela, filha de Thomaz Bastos, foi quem a acompanhou. "Eu estava de mãos dadas com ele na hora", disse. "Você estava de mãos dadas?", repetiu a presidente, visivelmente surpresa. "Mas ele estava consciente?", prosseguiu. "Sim", respondeu Marcela. E as duas seguiram a conversa relembrando histórias do advogado.

"NÃO VOU FALAR"

Momentos antes de Dilma começar a se despedir dos presentes, a assessoria de Márcio Thomaz Bastos organizou uma coletiva de imprensa em que a presidente faria uma declaração, sem direito a perguntas de jornalistas. Não consultou antes, porém, Dilma nem seus assessores.

"Não vou falar. De maneira nenhuma. Não vou falar aqui", disse a presidente ao ser comunicada pela assessoria do advogado do aparato montado. "Imagina, é uma questão de respeito. Ela não pode dar entrevista em velório", disse um aliado de Dilma.

O ministro da Justiça foi escalado para falar no lugar da presidente, que saiu vinte minutos antes da bênção do padre e da chegada do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.