Levantamento exclusivo

Eleições: Ao menos 17 ex-vereadores vão tentar voltar à Câmara de BH

A maioria deles não conseguiu a reeleição em 2020. Outros foram cassados ou renunciaram na atual legislatura

Por Gabriel Ronan
Publicado em 24 de abril de 2024 | 18:58
 
 
Na imagem, o plenário da Câmara Municipal de BH Foto: Abraão Bruck/CMBH - 11.4.2024

A eleição em Belo Horizonte ainda não é preocupação para a maior parte da população, mas, nos bastidores e nas redes sociais, ex-vereadores com mandato nesta ou na legislatura passada que tentaram a reeleição sem sucesso já se movimentam para voltar ao Legislativo. Pelo que apurou a reportagem com os políticos, quase 20 ex-parlamentares são pré-candidatos. 

No grupo, o que teve mais votos em 2020 foi Edmar Branco (PCdoB). Há quatro anos, quando concorreu pelo PSB, teve 8.103 votos. Pelo mesmo partido, Gilson Reis também será candidato. Com dois mandatos na carreira política, ele teve 3.398 votos.

Quem também tentará voltar à Casa é Autair Gomes (PSD), que recebeu 5.461 votos. Pastor na Igreja do Evangelho Quadrangular, ele chegou a ser cotado para voltar à Câmara recentemente, quando o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) cassou a chapa do PROS por fraude à cota de gênero. O cálculo oficial, porém, colocou Professora Nara (PV) e Preto (União) nos lugares de César Gordin (PSB) e Wesley Moreira (Mobiliza, ex-PMN), respectivamente. 

Gordin e Wesley, inclusive, também tentarão voltar. Ligado à Galoucura, Gordin deixou o Solidariedade, enquanto Wesley saiu do PP. Wesley ficou em um cenário favorável ao migrar para o Mobiliza, porque a agremiação não tem vereadores com mandato. Ele integra a Família Aro, grupo sob influência do secretário de Estado de Casa Civil, Marcelo Aro. 

O grupo ligado a Aro terá outros ex-vereadores na disputa. Ricardo da Farmácia e Eduardo da Ambulância vão tentar voltar pelo Mobiliza. Ricardo só ficou na Casa por três meses, entre 2019 e 2020, substituindo o ex-parlamentar Fernando Borja, que assumiu o cargo de deputado federal. Outro nome recrutado por Aro foi o de Carlos Henrique (PP). 

Outros cinco ex-parlamentares que romperam a marca dos 4.000 votos em 2020 também são pré-candidatos: Roberto da Farmácia (Podemos), partido ligado a Aro, e Pedrão do Depósito (União), legenda que fechou aliança com o prefeito Fuad Noman (PSD). As condições para a eleição dele variam de acordo com o destino do vereador Álvaro Damião (União Brasil), que pode ser vice na chapa de Fuad.

De linha conservadora, Jair di Gregório vai sair pelo Avante. A legenda tem dois vereadores atualmente na Câmara da capital: Juninho Los Hermanos e Claudiney Dulim. Todos integram o grupo do deputado federal Luis Tibé. 
Com aproximadamente 4.000 votos em 2020, Reinaldinho (PSDB) e Catatau da Itatiaia (PRD) também tentarão retornar à Câmara. O PSDB perdeu seu único parlamentar para o MDB na janela partidária: Henrique Braga. O PRD nasceu recentemente da fusão entre o PTB e o Patriota e hoje tem um vereador: Wanderley Porto. O deputado federal Fred Costa (PRD) coordena a montagem de chapa do partido e recrutou também Pedro Bueno. 

Outros três ex-vereadores confirmados para a disputa são Uner Augusto, que vai concorrer pelo PL; Elvis Côrtes, pré-candidato pelo PSD; e o ex-deputado estadual Osvaldo Lopes, do Republicanos. Uner ficou na Câmara por apenas 76 dias. Ele assumiu como suplente do deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG), mas foi cassado após o TSE anular a chapa do PRTB por fraude à cota de gênero. Já Elvis Côrtes é mais experiente e teve dois mandatos na capital. Lopes, por sua vez, trabalhou no ano passado como secretário municipal adjunto de Meio Ambiente, mas deixou a prefeitura após rusgas com Fuad.

A reportagem não conseguiu contato com os ex-vereadores Coronel Piccinini e Rogério Alkimim, que renunciou ao seu mandato durante um processo de cassação por suspeita de “rachadinha”.

Fora da disputa

Se alguns ex-vereadores já articulam suas bases para tentar sucesso na eleição, outros já descartaram uma eventual candidatura. Eleito em 2020, Léo Burguês de Castro, ex-presidente da Câmara, mudou-se de Minas Gerais e dedica a vida profissional à área de eventos. Léo renunciou ao seu mandato em 2023, após ser alvo de um processo de cassação na Casa. Quadro histórico do PT de BH, o ex-vereador Arnaldo Godoy também não será candidato.

Quem também se dedica a outra área profissional é o ex-vereador Dr. Nilton. Com base em Venda Nova, ele não deve ser candidato para continuar trabalhando como ginecologista. O mesmo vale para Dr. Bernardo Ramos, que foi suplente do atual vice-governador Mateus Simões (Novo). Ele teve dois cargos voltados à área da saúde no Governo de Minas, durante a gestão de Romeu Zema (Novo). Apesar de ainda integrar o Novo, ele deve continuar exercendo a profissão de ortopedista na rede de saúde suplementar. Ele tentou ser deputado federal em 2022, mas não foi eleito.

Outros três nomes também descartaram qualquer chance de candidatura. O ex-vereador Flávio dos Santos está fora até mesmo das redes sociais desde que não conseguiu a reeleição em 2020. Ele sofreu um desgaste público após ter gravações de funcionários do seu gabinete publicadas pela imprensa, nas quais os servidores confessavam que doavam parte dos seus salários a Flávio, a chamada rachadinha.

Já Dimas da Ambulância, que teve duas passagens na Casa como suplente do ex-vereador Wellington Magalhães, afirmou à reportagem que trabalhará na campanha do atual parlamentar Claudiney Dulim. Outra candidatura descartada é a de Ronaldo Gontijo (Cidadania), que foi vereador por seis mandatos.  

Parentes pré-candidatos

Fora da Câmara de Belo Horizonte, a deputada federal Nely Aquino (Podemos-MG) e o deputado estadual Bim da Ambulância (Avante) vão tentar manter suas influências no Legislativo a partir dos seus filhos.

Christian Aquino deve se candidatar pelo Podemos, mesmo partido da sua mãe, enquanto Emanuelle Santos, a Manu do Bim, sairá pelo Avante. Eles nunca foram candidatos.