Independência

Em visita a BH, Lira garante que “a Câmara nunca se submeterá a outro Poder”

Candidato à Presidência do Legislativo apoiado por Jair Bolsonaro, Lira nega qualquer possibilidade de interferência do Executivo na Casa

Por Thaís Mota
Publicado em 22 de janeiro de 2021 | 15:00
 
 
Arthur Lira e Flávio Roscoe em reunião na Fiemg Foto: Thaís Mota

Apesar de ser o candidato do presidente Jair Bolsonaro na disputa pela presidência da Câmara, o deputado Arthur Lira (PP-AL) disse em visita a Belo Horizonte que a Casa é independente e não vai se submeter a nenhum outro Poder. “A Câmara nunca se submeterá a outro Poder e essas teses levantadas pela imprensa nunca acontecerão. O presidente da Câmara representa todos os deputados e todas as ideologias”.

Em relação aos pedidos de impeachment contra Bolsonaro, Lira foi evasivo e disse que essa é uma demanda que o atual presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), deve se posicionar. “Eu tenho dito em todos os lugares que o impeachment é assunto do presidente atual, ele é quem tem que tratar se tiver alguma coisa. E eu, por onde ando, digo que não quero diminuir em nenhum dia a autonomia do mandato do presidente atual. Faltam dez dias para ele terminar o mandato dele e, até lá, quem tem que se posicionar sobre esse assunto é ele”, afirmou.
Ele também criticou duramente a gestão do atual presidente Rodrigo Maia e disse que pretende mudar a forma de pautar os temas na Casa, bem como retomar as reuniões presenciais. 

“Todos vocês são testemunhas de que houve muita reclamação na Câmara de que o colégio de líderes não se reúne, porque as pautas apareciam da noite para o dia, os relatores muitas vezes eram designados no dia anterior e nós não conhecíamos o relatório. Tudo isso faz muito mal para o debate interno porque o deputado, quando não conhece o tema e vota de qualquer maneira, ele será questionado mais adiante sobre aquela votação. E o deputado não tem como se justificar o voto contra ou a favor sem saber o que está sendo votado. As coisas colocadas de ‘supetão’”, afirmou

Ele afirmou ainda que com as sessões virtuais na Câmara, Maia centralizou as discussões, e disse que pretende rever o funcionamento da Casa, mesmo ainda sem uma solução para a pandemia de Covid-19.

“Essa centralização virtual prejudicou a democracia, prejudicou o trabalho da Câmara dos Deputados e, com ou sem pandemia, isso  será modificado. Nós temos que manter todas as condições sanitárias, de afastamento e de respeito, mas a Câmara tem que voltar, como a principal Casa do povo brasileiro, a funcionar presencialmente, guardando todas as condições sanitárias a, as comissões permanentes, as comissões especiais, plenário regulado, afastando dali em um sistema híbrido os parlamentares de grupo de risco e comorbidades. Mas, nós temos que fazer isso”, disse o deputado à imprensa.

Ele também falou sobre o tema durante a reunião com os industriais e deputados e disse que 2020 foi um ano muito difícil no Parlamento, justamente por causa da falta de diálogo, e também reforçou a promessa de mudança aos presentes. “A gestão da Câmara, com a nossa vitória, voltará a ter previsibilidade. Vamos sempre ouvir as bancadas, representantes partidários, colégio de líderes e vamos sempre pela maioria. As reuniões do colégio de líderes, por exemplo, serão sempre às quintas-feiras da semana anterior à votação, para que os deputados tenham quatro ou cinco dias para analisar, debater e não serem pegos de surpresa na votação como vem acontecendo”, afirmou.

Também disse que pretende “exterminar” com as entrevistas diárias do presidente, como faz atualmente Rodrigo Maia. “A Câmara não tem chefe, somos 513 deputados iguais e, se mantivermos aquele modelo, um dia será o presidente, no outro o vice, no outro vai o secretário da Mesa. Hoje, a Câmara está sem voz, os deputados não conseguem falar e defender suas teses”.

Ainda segundo Lira, haverá mudanças na distribuição da relatoria conforme as bancadas de cada partido. “Há um problema sério na distribuição de relatoria de projetos e PECs vamos passar respeitar a proporcionalidade partidária da urnas. As relatorias vão ser distribuídas de acordo com o número proporcional de deputados eleitos por cada partido”, afirmou.