Cláudio Fonteles

“Entrei para limpar o terreno” 

Seg, 22/06/15 - 03h00

Para quem já esteve no cargo, a pressão de investigados é sempre previsível. Procurador geral da República entre 2003 e 2005, Cláudio Fonteles abriu mão de um segundo mandato, mas lembra que no período em que esteve à frente do principal cargo de investigação da atuação política brasileira foi bastante assediado. “A pressão não tem como não vir”, diz ele, que revela ter recebido vários acusados em seu gabinete para explicar as denúncias. “Eu comunicava com a pessoa (denunciada) antes. Depois passava para a imprensa”. A opção por não tentar a recondução ao cargo na PGR, conta o ex-procurador, foi pessoal. “O (ex-presidente) Lula me chamou, mas não aceitei. Tinha colocado para ele que não aceitaria. Sou contra a recondução. Até para síndico eu sou contra”, brinca.

No período em que chefiou a procuradoria, Fonteles nunca cogitou ser reconduzido, conta ele. “Em março de 2005, sonhei que estava correndo, todo suado, com a musculatura doendo, e uma faixa branca escrito ‘chegada’. Depois que entreguei o cargo esse sonho nunca mais voltou”, diz. “Estava exaurido. Entrei na procuradoria para limpar o terreno, que estava sujo e com muito material de construção abandonado. Tive que administrar a casa”, conta usando uma metáfora para criticar o antecessor, Geraldo Brindeiro, que ganhou a fama de “engavetador geral da República”, por arquivar denúncias. “Eu reunia com colegas e funcionários e falava que outro viria, semearia a semente e colheria os frutos”, diz o ex-procurador, hoje aposentado. (AP)

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