Novatos

Estreantes na Assembleia “sentem o drama” e reclamam 

Após cinco meses de primeiro mandato, deputados acusam lentidão na tramitação de projetos

Dom, 05/07/15 - 03h00
De prontidão. O TEMPO reuniu 13 dos 29 deputados novatos para uma foto na Assembleia; a maioria se disse decepcionada com os processos da Casa, mas tem esperança | Foto: FERNANDA CARVALHO / O TEMPO

Decepção com a lentidão dos trabalhos, mas esperança de tempos melhores. Cinco meses após a posse, são esses os sentimentos de grande parte dos 29 deputados novatos na Assembleia de Minas ouvidos por O TEMPO.

Quando chegou à Casa em fevereiro, o ex-vereador de Uberlândia Felipe Attiê (PP) acreditava que os projetos andariam mais rápido. Segundo ele, o alto número de propostas desarquivadas no início do ano dificultou os trabalhos. “Eu apresentava um projeto na Secretaria da Casa, e diziam que só iam ler o texto em dois meses. Também tive um trabalho enorme para fazer uma lei sobre bullying, e, chegando lá, já tinha um projeto similar do Gustavo Valadares (PSDB). Agora, vamos juntar. No começo, foi muita confusão”, revela.

Outro decepcionado com o andamento das matérias, Roberto Andrade (PTN) percebeu que a prioridade da Assembleia é o Executivo. “Fico frustrado. Os projetos que apresentei não andam. Um polêmico sobre a proibição das festas open bar ainda espera parecer em comissão. A prioridade são os projetos do Executivo”.

O parlamentar também explica que a polarização de debates entre situação e oposição não abre espaço para a discussão dos textos. “Os debates são democráticos, mas precisamos dar espaço para outros assuntos. Não só repercutir fala de Dilma (Rousseff) e Aécio (Neves)”, dispara.

Correligionário de Andrade, o também estreante Isauro Calais (PMN) faz coro à crítica. “Não queremos saber quem é o responsável pelo problema (PT ou PSDB), temos que ser responsáveis pelas soluções. Essa briga não interessa ao cidadão. O que interessa é melhorar saúde, educação, segurança”, desabafa.

Plenárias. Outros novatos também lamentam a falta de produtividade no plenário. Nas 69 sessões ocorridas entre fevereiro e o início de julho, apenas quatro proposições foram aprovadas: três em primeiro turno e uma em segundo. Outras 15 matérias foram aprovadas na comissão de redação final. “O debate é importante, mas temos que parar com essas discussões entre situação e oposição. É preciso olhar pra frente e acertar os pontos”, diz Ione Pinheiro (DEM), irmã do ex-presidente da Casa Dinis Pinheiro (PP).

Tratamento. Mas “mostrar trabalho” nem sempre é atitude bem-vista, reclamam os estreantes. “Como novatos, queremos agilizar, mostrar trabalho. No geral, todos nos tratam muito bem. Mas alguns colegas mais experientes me disseram: ‘você nem chegou e já quer se sentar na janela?’”, reclama Cristiano Silveira (PT). (Sob supervisão de Aline Labbate)

Celular chique

Exclusão. Um deputado novato que pediu anonimato conta ter comprado um celular mais “chique”, mesmo não sabendo utilizar, para não ser “humilhado” por colegas que “só ficam no WhatsApp”.

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