Custo Brasil

Ex-tesoureiro do PT se entrega

Paulo Ferreira se apresentou à Justiça um dia após a deflagração da operação da Polícia Federal

Por Da Redação
Publicado em 24 de junho de 2016 | 19:12
 
 
Sérgio Moro solta ex-tesoureiro do PT MÔNICA ZARATTINI/AGÊNCIA ESTADO - 3.2.2006

São Paulo. O ex-tesoureiro do PT Paulo Ferreira se entregou ontem à Justiça Federal de São Paulo, um dia após a deflagração da operação Custo Brasil, quando teve mandado de prisão preventiva expedido pela 6ª Vara Federal Criminal. Ferreira foi ouvido pelo juiz Paulo Bueno de Azevedo e encaminhado à Polícia Federal (PF), onde permanecerá preso. Ele se entregou diretamente à Justiça após negociação feita por seus advogados. José Roberto Batochio, um dos defensores do ex-tesoureiro do PT, afirmou que vai entrar com habeas corpus para libertar seu cliente.

Ferreira, que é marido de Tereza Campelo, ex-ministra do Desenvolvimento Social no governo Dilma, é acusado de participar de um esquema de corrupção negociado com a empresa Consist, que assumiu a gestão do crédito consignado de servidores federais. A cada R$ 1 cobrado, R$ 0,70 era direcionado a pagamento de propina. A empresa ficava com R$ 0,30. A taxa era cobrada em cada prestação do empréstimo tomado pelo servidor.

Depois do depoimento de Ferreira será ouvido Paulo Bernardo, marido da senadora Gleisi Hoffmann, ministro do PT por dez anos nas pastas de Planejamento e das Comunicações.

Buscas. Ontem, o procurador Rodrigo De Grandis afirmou que a operação Custo Brasil não teve qualquer irregularidade por ter incluído busca e apreensão no apartamento do casal Paulo Bernardo e Gleisi, em Brasília.

O imóvel pertence ao Senado, e a defesa da Casa entrou com reclamação no Supremo Tribunal Federal (STF), pedindo a anulação da busca e apreensão feita. Pediu que todas as provas colhidas na residência sejam invalidadas.

No despacho em que autorizou a operação, o juiz Paulo Azevedo determinou que a Polícia Federal apreendesse apenas documentos pessoais de Paulo Bernardo.

“Nossa investigação diz respeito exclusivamente a Paulo Bernardo, e ele não detém foro por prerrogativa, a medida recaiu sobre ele e documentos referentes a ele apenas. A senadora é investigada em outro caso. O fato de Paulo Bernardo ser casado com uma senadora não pode conferir a ele uma extensão do foro que pertence a ela, não existe imunidade”, disse o procurador, que afirmou que tem convicção que a medida foi legal e não há espaço para pedir a anulação da diligência. Segundo De Grandis, agora será avaliados o material apreendido para que possa ser apresentada a denúncia.

O advogado Guilherme Gonçalves, que teria ficado com 20% do valor destinado a Paulo Bernardo, será ouvido em audiência de custódia na segunda-feira. Ele estava em Portugal e teve problemas no voo de retorno ao Brasil. Gonçalves também teve prisão preventiva decretada.

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Custódia

Depoimentos. As audiências realizadas ontem no âmbito da Custo Brasil são audiências de custódia, na qual os presos relatam se houve alguma irregularidade no momento da prisão.

Combinações

Negou. Ontem, em audiência de custódia ao juiz federal Paulo Bueno de Azevedo, Paulo Ferreira negou ter proposto, em 2015, ajuste de versões com o lobista Milton Pascowitch sobre o caso Consist.

Citado. Ferreira disse que não conversa com Pascowitch desde 2012. Delator da Lava Jato, o lobista foi um dos pivôs da decretação da prisão de Ferreira na Custo Brasil.

Desafinado. Segundo o delator, logo após a prisão do ex-vereador de Americana Alexandre Romano (PT), o Chambinho, em agosto de 2015, Ferreira o procurou e lhe teria dito: “Vamos afinar as histórias, as versões.”