Repercussão

Falta de diálogo com a ALMG pode ter tirado general da Sejusp, avaliam deputados

Nesta segunda-feira (25), o governo do Estado anunciou como novo secretário o ex-procurador Rogério Greco

Por Franco Malheiro e Marcelo da Fonseca
Publicado em 25 de janeiro de 2021 | 19:52
 
 
generalPNG Foto: Reprodução

A notícia da troca no comando da Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp) foi recebida com bons olhos por deputados que compõem a comissão de Segurança Pública da Assembleia Legislativa de Minas Gerais. Parlamentares afirmam que faltava diálogo entre o atual secretário, o general Mário Lúcio Araújo e o poder legislativo.

Nesta segunda-feira (25), o Governo de Minas anunciou a troca de comando na pasta. No lugar do general, quem irá assumir, na próxima segunda-feira, será o ex-procurador de Justiça do MPMG  Rogério Greco. Alguns deputados ouvidos pela reportagem de O TEMPO, classificaram como positiva a mudança.

“A gente enxerga o nome de Greco como alguém preparado e que conhece a área de segurança, mas a gente vai continuar cobrando. Eu sei que ele é preparado e tem conhecimento e capacidade para fazer um bom trabalho e terá todo nosso apoio”, afirmou o deputado estadual,e membro da comissão de Segurança Pública da ALMG, Gustavo Santana. O deputado ainda ressaltou que a relação entre o general Mário Lúcio e a ALMG estava desgastada.

“Há pouco tempo o próprio secretário fez um despacho colocando que opiniões de deputados seriam todas arquivadas, em termos de transferências de trabalhadores da segurança e ainda colocou sanção administrativa para quem pedisse para algum deputado. Olha, eu acho que general deve ser general no quartel, mas quando assume um cargo político ele precisa escutar a coisa política, o que ele não estava fazendo. Nada contra a pessoa do general, mas por não escutar a política ele perdeu seu cargo”, avaliou Santana.

A avaliação é a mesma de outro parlamentar escutado nos bastidores. Segundo o deputado, o desgaste já estava insustentável e todos da ALMG já esperavam que em algum momento houvesse a exoneração do general Mário Lúcio.

“Infelizmente, o fato dele ser general fazia ele esquecer que estava em um cargo político, ele não escutava ninguém, ele era autocrático. Ele não tinha jogo de cintura para lidar com a classe política nem com o próprio servidor dele. Ele já negou vir a convocação da ALMG”, destacou a fonte ouvida e acrescentou: “Com o Greco eu acredito que esse diálogo vai ser melhor, porque é um servidor de carreira que conhece como funciona as relações políticas, além de ser alguém competente e que conhece a área”, afirmou.

Já o secretário-geral do Estado, Mateus Simões, nega que houve interferência política na troca de comando da Sejusp. De acordo com Simões, foi apenas uma avaliação do próprio governador da necessidade de mudança. Ainda segundo o secretário, Greco havia participado do primeiro processo seletivo para o cargo, mas acabou perdendo a vaga para o general Mário Araújo, mas agora, por uma escolha pessoal do governador Romeu Zema, será nomeado na pasta.

“O Rogério participou de outro processo seletivo lá atrás. Então quando o governador resolveu que faria essa mudança, ele acabou optando por um nome que ele já tinha avaliado”, explicou Simões.

“O governador chegou nesse momento no meio do mandato acreditando que o general entregou bons serviços, tanto que tivemos melhorias em todos os índices da segurança, mas que o momento era de uma renovação no comando e o perfil do Greco pareceu adequado, por ter uma ligação muito forte com as forças de seguranças e estar muito alinhado com as pautas do governador”, afirmou Simões:

“Essa decisão foi tomada exclusivamente pelo governador, não houve interferência de nenhum terceiro e não aconteceu nada, tanto que o próprio general está cuidando da transição de forma bem tranquila”, completou.