Eleição

Fundo pode superar orçamentos de 16 capitais

Proposta em análise na Câmara dos Deputados pode destinar R$ 3,6 bilhões para bancar campanhas

Seg, 24/07/17 - 03h00

SÃO PAULO. Se a versão atual do texto da reforma política for aprovada pela Câmara dos Deputados, os partidos terão um orçamento para gastar na eleição de 2018 de fazer inveja à maioria das prefeituras brasileiras. A estimativa é que R$ 3,6 bilhões em recursos públicos deixem os cofres da União para bancar as campanhas, quantia que mais da metade das capitais (16 das 26) não têm à disposição por ano para governar.

Sete partidos receberão a maior fatia do bolo bilionário (PMDB, PT, PSDB, PP, PSD, PR e PSB). Em cinco deles, os escalados para a função de tesoureiro são alvos de investigações ou citados em delações da operação Lava Jato.

A injeção oficial de dinheiro público nas campanhas foi a solução encontrada pelos partidos para compensar a proibição das doações por pessoa jurídica. Essas sempre bancaram parte expressiva das despesas dos candidatos, mas, desde 2015, estão vedadas. Em 2014, elas somaram quase R$ 4 bilhões numa eleição cujos gastos totalizaram R$ 5,1 bilhões.

Pela proposta costurada entre as lideranças partidárias, um fundo eleitoral seria criado e abastecido com verba pública a cada eleição. Para 2018, ele receberia 0,5% da receita corrente líquida da União – cerca de R$ 3,6 bilhões – e, a partir de 2020, o valor cairia para 0,25%.

O montante supera os orçamentos de 2017 de prefeituras como Florianópolis (R$ 2,3 bilhões), Cuiabá (R$ 2,2 bilhões) e da maioria das capitais do Nordeste.

“Teremos um dos sistemas eleitorais mais caros do mundo para o Estado”, afirma o professor da UFRJ e especialista em eleições, Jairo Nicolau.

Além do recurso público, partidos e candidatos poderão continuar captando doações de pessoas físicas e usando o fundo partidário. Por outro lado, o autofinanciamento – uso de recursos próprios – ficaria proibido a candidatos a presidente, governador, prefeito e senador. 

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