Gabriel Azevedo

A essência da democracia

Percorrendo os locais onde seus ideais floresceram

Por Da Redação
Publicado em 06 de maio de 2024 | 13:44
 
 

Há um ano, anunciei neste espaço a realização da dinâmica “Democracia: Livros e Praças”. A proposta era promover dez encontros mensais, em diferentes praças de Belo Horizonte, para debater dez ivros fundamentais para conhecer a história e a importância da democracia. A dinâmica foi elaborada em parceria com o escritor, palestrante e consultor Augusto de Franco, que abriu mão de seu precioso tempo para colaborar comigo na construção do projeto.

Mais de 500 pessoas se inscreveram para participar da dinâmica. Já no primeiro encontro, realizado na praça do Papa em fevereiro passado, anunciei que, ao término dos debates nas praças da capital, dois participantes, um do gênero masculino e uma do gênero feminino, seriam sorteados para viajar comigo a Atenas (Grécia), Londres (Inglaterra) e Washington (Estados Unidos) para conhecer as três cidades onde os ideais da democracia floresceram e se consolidaram.

Passados 12 meses, o compromisso que assumi no lançamento da dinâmica está sendo cumprido. Aqui estou eu, em Atenas, em companhia de Andréa Matos Rodrigues, moradora do bairro Pompeia, e de Paulo Andrade Castro, do Cidade Jardim. Eles foram os sorteados na última reunião e receberam passagens e hospedagem para a viagem. E há mais gente conosco: Dener, Guilherme, Igor e Lucas, também participantes da dinâmica, vieram por conta própria e se juntaram a mim, Andréa e Paulo. Formamos um alegre e interessado grupo de apaixonados pela democracia.

Por uma questão de logística, a visita programada para Washington ficou para novembro. Agora, rumamos para Londres, berço do ressurgimento da democracia no século XVII. Começamos nossa visita à capital inglesa justamente nesta sexta-feira.

A primeira parada em Londres será no Museu Britânico, onde estão expostas peças do Partenon, um dos locais que conhecemos em Atenas. Fechamos, dessa forma, o roteiro aberto na Grécia e que tem nos permitido inúmeros diálogos a respeito do surgimento da democracia na Atenas antiga.

Estivemos nas ruínas da Ágora, no Partenon e na Acrópole, pontos obrigatórios em um roteiro destinado a aprofundar o conhecimento sobre democracia. Entretanto, foi nas ruínas da Pnix, a assembleia onde os cidadãos atenienses se reuniam para tomar decisões, que tivemos uma lição inesquecível sobre a capacidade que todos os povos têm de construir sua democracia. A lição nos foi dada pelo arquiteto grego Alexander Tripodakis, 73, que passeava com seu cãozinho e acabou tomando parte da conversa do nosso grupo.

Eu falava sobre o funcionamento da Pnix, e Alexander nos lembrou que o local também servia para as reuniões de organização da maratona. Ele, ao descobrir que éramos brasileiros, perdeu a timidez e nos contou que já esteve em São Paulo, nos anos 70. Nos disse que, uma noite, ele a namorada foram a uma praça, cujo nomem não lembra mais, e vivenciou o que ele define como o exemplo mais pleno de democracia que ele já viu.

No relato, o ateniense nos disse que a praça estava vazia. Aos poucos as pessoas foram chegando, e daí a pouco havia uma multidão tocando e cantando samba. Todos se abraçavam e confraternizavam, emocionando o turista ateniense: “o que pode ser mais democrático do que isso?”, perguntou-nos Alexander.

Essa é a essência do espírito democrático brasileiro, do qual não podemos nos esquecer nunca e que temos a obrigação de manter vivo e forte.