O futuro já está entre nós

Qual é o impacto das novas tecnologias na transformação do mercado de trabalho e na qualificação das pessoas para que tenham as habilidades necessárias que lhes assegurem empregabilidade? Como os gestores públicos devem atuar para que a população brasileira se prepare para os desafios profissionais do futuro?

Essas e outras questões de extrema importância, especialmente neste momento de crise no Brasil, que tem cerca de 13 milhões de desempregados, foram abordadas em um chat no Twitter do qual participei na quarta-feira, na companhia de especialistas do MIT Sloan Latin America Office. A instituição é responsável pela organização da conferência “The future of work”, no próximo dia 29, em São Paulo.

A conversa no Twitter permitiu que os pesquisadores do MIT Sloan ressaltassem a importância da integração tecnológica do Brasil com os Estados Unidos. Pela importância estratégica, nosso país seguramente influenciará outras nações latino-americanas a aderir à integração.

Também ficou claro que a revolução que o mercado de trabalho vive, com uso maciço de inteligência artificial e automação sem precedentes de processos industriais, exigirá que não apenas o Brasil, mas todos os países se preparem devidamente para tal transformação. Isso significa que os gestores públicos e mandatários devem priorizar a qualificação de seus cidadãos para essa sociedade integrada tecnologicamente, que já é realidade.

Na visão dos pesquisadores, os seres humanos devem ser habilitados para trabalhar em parceria com os chamados agentes sintéticos (inteligência artificial), desenvolvendo produtos e serviços e projetando soluções para problemas novos, de alta complexidade, decorrentes de uma sociedade digital integrada, que já toma forma.

O trabalho no futuro, no entendimento dos cientistas do MIT Sloan, vai valorizar o aspecto mais humano das pessoas: a capacidade de se conectar com outros seres humanos para estabelecer significados, compartilhar histórias e apoiar as instituições dedicadas a melhorar a vida em sociedade. Eles alertam, entretanto, que há uma desconexão gigantesca entre o mercado de trabalho e o sistema educacional.

O ideal é que esses vetores estejam sintonizados para a preparação de pessoas para a solução de problemas novos. A preocupação com velhos problemas deve ser deixada de lado, e o foco obrigatório será a passagem do estoque de conhecimento para o fluxo de novos aprendizados e experiências.

E não apenas os jovens são o foco desses novos parâmetros. Todos, independentemente da faixa etária, precisam se abrir para esse aprendizado. O conhecimento está mudando rapidamente, e, portanto, todos devem permanecer aprendizes em todos os estágios de suas carreiras.

O papel dos governantes foi destacado durante o chat. Os pesquisadores do MIT Sloan acentuaram que o governo deve preservar a liberdade econômica e o significado social do trabalho. É fundamental que a educação seja direcionada para a preparação do cidadão para o futuro do trabalho.

Outro alerta é sobre a necessidade de implantação dos novos conceitos o quanto antes. Embora alguém possa pensar que essas perspectivas vão demorar a ser implementadas, o futuro já está entre nós, e ele não espera ninguém. Portanto, essa é uma discussão atual e extremamente necessária.