Na última quarta-feira, 1° de abril de 2020, aconteceu algo inédito no mandato do presidente Jair Bolsonaro. Ele pediu desculpas. No Dia da Mentira, ele contou uma mentira. Postou um vídeo com uma falsa denúncia sobre desabastecimento na Centrais de Abastecimento de Minas Gerais (CeasaMinas) em Contagem, na região metropolitana de Belo Horizonte.
Nas imagens da fake news espalhada pelo presidente, um homem, que já está sendo procurado pela polícia, culpa os governadores e fala em caos. Imediatamente, por meio das minhas mídias sociais e do aplicativo Meu Vereador, as pessoas começaram a me perguntar se era verdade o que o presidente havia divulgado. Muitas delas não conseguiam esconder o medo diante da possibilidade de desabastecimento de alimentos.
Mais uma grave irresponsabilidade do presidente da República Federativa do Brasil. Divulgar uma notícia falsa dessa dimensão com boa parte da população isolada em suas casas poderia ter causado pânico em um momento em que o país enfrenta uma crise sem precedentes. Pouco tempo depois, o presidente apagou o post de suas mídias sociais e, à noite, se desculpou. Foi um gesto... Desculpas aceitas, presidente.
Nem vou lhe cobrar que peça desculpas por todos os outros problemas que o senhor causou ao país ao disseminar inverdades e informações sem embasamento científico justamente no momento em que todos os dirigentes políticos devem estar unidos e voltados para o combate à disseminação da pandemia do novo coronavírus. Todavia, vou lembrar algumas de suas ações mais infelizes.
Também utilizando as mídias sociais, o senhor tirou de contexto declarações do diretor geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Ghebreyesus, dizendo que ele defendia a volta das pessoas ao trabalho e a adoção do isolamento vertical.
O senhor mentiu, presidente, ao comparar, também em rede nacional, o coronavírus a uma “gripezinha”, ou a um simples “resfriadinho”. Outra inverdade, como atestam cientistas envolvidos no combate à doença em várias parte do mundo.
Presidente, o senhor disse que o Brasil já havia descoberto a cura da doença, se referindo ao uso experimental da cloroquina, sem confirmação dos resultados. Ainda deixou de seguir a orientação do Ministério da Saúde e foi às ruas participar de manifestação contra o Congresso e o Supremo. O senhor foi proibido pelo STF de divulgar a campanha “O Brasil não pode parar”, para convencer as pessoas de que o coronavírus não representa perigo. E teve posts retirados do ar pelo Twitter, pelo Facebook e pelo Instagram, uma vez que suas postagens representavam riscos para a vida das pessoas. O senhor brigou com os governadores que adotaram medidas corretas para impedir a expansão da pandemia também...
Não, vou pedir ao senhor que se desculpe por essa sequência de erros. E por tantos outros... Só lhe peço uma coisa: não atrapalhe mais, presidente!
Faça o seguinte: apoie verdadeiramente governadores e prefeitos. Eles vivem um drama que o senhor não vive. Escute os especialistas neste momento, alguns deles são ministros no seu governo. Crie um discurso único! Una o povo brasileiro numa só direção. Não foram todos os brasileiros que votaram no senhor, mas um presidente deve governar para todos. É hora de ver o Brasil inteiro contra o vírus.
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