MORTO POR ASFIXIA

Bolsonaro defende PRF e diz que não sabe o que Genivaldo 'tinha na cabeça'

Presidente também comparou a abordagem dos policiais que prenderam e asfixiaram Genivaldo em Sergipe com o caso de dois policiais assassinados no Ceará

Por Luana Melody Brasil
Publicado em 26 de maio de 2022 | 15:23
 
 
Homem teria morrido sufocado por gás Foto: Reprodução redes sociais

O presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou, nesta quinta-feira (26), que não está inteirado sobre a morte por asfixia de Genivaldo de Jesus Santos, de 38 anos, após uma abordagem de policiais rodoviários federais, no município de Umbaúba, em Sergipe.

Em defesa dos policiais, que têm pressionado o governo federal por reestruturação de carreira e reajuste salarial, o chefe do Executivo Federal comparou com os dois policiais rodoviários no Ceará mortos por um morador de rua que abordaram.

"Vou me inteirar com a PRF. O que eu vi há pouco, há duas semanas, aqueles dois policiais executados por um marginal que estava andando lá no Ceará. Foram negociar com ele, o cara tomou a arma dele e matou os dois. Talvez isso, nesse caso, não tomei conhecimento, o que tinha na cabeça dele", afirmou o presidente.

"Uma coisa é execução. A outra... Eu não sei o que aconteceu. A execução, ninguém admite ninguém executar ninguém. Mas não sei o que aconteceu para te dar uma resposta adequada", acrescentou, em entrevista para jornalistas na Vila Planalto, em Brasília, na manhã desta quinta-feira, quando terminou de gravar cenas do material de campanha numa capela.

Genivaldo foi abordado na tarde da quarta-feira (25), imobilizado e colocado no interior do compartimento da viatura da PRF. Em seguida, os policiais lançaram um gás sobre a vítima e trancaram o porta-malas, segundo relatam testemunhas. Vídeos da violência policial foram divulgados nas redes sociais.

Laudo do Instituto Médico Legal (IML) de Aracaju concluiu que a morte de Genivaldo se deu por asfixia mecânica e insuficiência respiratória aguda. De acordo com a Secretaria da Segurança Pública (SSP) de Sergipe, outros exames foram realizados para detalhar as causas e os laudos complementares ainda serão emitidos. 

Um sobrinho do homem, que o acompanhava, contou que avisou aos policiais que o tio possuía transtornos mentais, com diagnóstico de esquizofrenia.

Diante da repercussão e da pressão pública, a Polícia Federal (PF) em Sergipe instaurou inquérito para apurar as circunstâncias da morte dele. A corporação diz que já iniciou as diligências sobre o caso. Moradores de Umbaúba protestaram nesta quinta-feira em memória de Genivaldo e contra a letalidade policial.

O Ministério Público Federal também abriu um procedimento sobre o caso, no sentido de acompanhar as investigações sobre a morte de Genivaldo. O despacho foi assinado pelo procurador Flávio Pereira da Costa Matias, coordenador do Controle Externo da Atividade Policial.

A Procuradoria requisitou informações à Delegacia de Polícia Civil de Umbaúba e oficiou a PRF em busca de informações sobre processo administrativo que vai apurar a abordagem policial. Foi dado prazo de 48 horas para que os órgãos repassem os dados.

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