DISPUTA ELEITORAL

Bolsonaro vai contratar empresa para auditar as eleições antes de outubro

Presidente anunciou que PL de Valdemar Costa Neto vai contratar auditoria externa dentro de 30 ou 40 dias, prazo dado ao TSE para divulgar propostas das Forças Armadas

Por Luana Melody Brasil
Publicado em 05 de maio de 2022 | 20:08
 
 
Presidente Jair Bolsonaro (PL) voltou a confiar às Forças Armadas a solução para a segurança do processo eleitoral Foto: Reprodução/YouTube

O presidente Jair Bolsonaro (PL) prometeu, na live desta quinta-feira (5), repetir estratégia do PSDB em 2015 e contratar uma empresa de auditoria dos sistemas de votação do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), mas já adiantou que não fará como os tucanos e a auditoria será realizada antes das eleições de outubro.

"Adianto também aqui, em primeira mão, tive com o presidente do partido, do PL [Valdemar Costa Neto] há poucos dias, e como está na legislação eleitoral, nós contrataremos uma empresa para fazer auditoria nas eleições. Agora deixo claro, até adianto para o TSE, essa auditoria não vai ser feita após as eleições. Uma vez contratada, a empresa já começa a trabalhar", anunciou Bolsonaro.

Na live, Bolsonaro disse que a empresa vai pedir "grande quantidade de informações" ao TSE e às Forças Armadas, cujas nove propostas de melhorias do sistema eleitoral o presidente insiste em tornar públicas. 

Na sequência, ele levantou novamente suspeitas de possível fraude e disse que a empresa vai começar a trabalhar daqui a 30 ou 40 dias, mesmo prazo dado ao TSE pelo ofício do Ministério da Defesa para que sejam reveladas as propostas das Forças Armadas.

"O que pode acontecer em poucas semanas de trabalho, essa empresa que faz auditoria no mundo todo pode chegar à conclusão que antes das eleições, daqui a 30 ou 40 dias, que dada a documentação que tem na mão, dado o que já foi feito até o momento para melhor termos umas eleições livres de qualquer suspeita de ingerência externa, ela pode falar que é impossível auditar e não aceitar fazer o trabalho. Olha a que ponto nós vamos chegar", disse.

A estratégia é semelhante à adotada em 2015 pelo PSDB, que atualmente tenta emplacar um candidato da "terceira via" para a Presidência, o ex-governador de São Paulo João Doria Jr.

Naquele ano, o relatório da auditoria tucana das eleições de 2014, nas quais o atual deputado federal Aécio Neves (PSDB-MG) perdeu para a ex-presidente Dilma Rousseff (PT), apontou que era impossível auditar o sistema do TSE, como justificativa para a falta de provas de fraude daquele pleito.

Indo além, os tucanos recomendaram em 2015 a adoção do voto impresso para "checagem", uma pauta também defendida por Bolsonaro, embora tenha arrefecido essa defesa nas últimas semanas por motivos eleitorais.

Colocando a responsabilidade diretamente sobre os ministros do TSE que são seus desafetos, sobretudo o ex-presidente da Corte, ministro Luiz Roberto Barroso e o próximo presidente do tribunal, ministro Alexandre de Moraes, Bolsonaro alegou que a empresa de auditoria é uma oportunidade para provar a segurança do processo eleitoral.

"Os ministros do TSE, o ministro Barroso, o Sr. Fachin, o Sr. Alexandre de Moraes, ficarão numa situação bastante complicada porque nós devemos dar satisfação. Está garantido por lei um partido contratar uma empresa para fazer auditoria. É o momento de TSE mostrar para o mundo, através dessa empresa de auditoria, que nós temos o sistema mais confiável do mundo no tocante às eleições."

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