Segredos de Brasília

Fundador do Engenheiros do Hawaii trocou o Sul por Brasília e virou astrólogo

Após deixar o grupo nascido no RS, baterista se mudou para capital federal para uma imersão na religião União do Vegetal e acabou virando astrólogo, tarólogo e psicólogo

Por Renato Alves
Publicado em 20 de abril de 2024 | 07:00
 
 
Carlos Maltz, nos tempos de Engenheiros do Hawaii, e hoje, como tarólogo, astrólogo e psicólogo Foto: Reprodução/BMG e Instagram

No fim de 1984, Carlos Maltz, então estudante da Faculdade de Arquitetura da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRS), foi atrás de colegas do curso que, como ele, baterista, tocavam algum instrumento. O rock fazia a cabeça dos jovens brasileiros em meio à decadência da ditadura militar. Assim surgia, em Porto Alegre (RS), o grupo Engenheiros do Hawaii – nome, tirado de uma das canções que seus integrantes tocariam na primeira apresentação e que tirava sarro dos estudantes de engenharia civil, com quem tinham uma certa rivalidade.

Quatro décadas depois, Maltz, hoje com 62 anos, é um senhor recluso que gosta de tocar bateria em casa acompanhado das filhas e genros, entre um atendimento online e outro. Ele oferece seus serviços de tarólogo, astrólogo e psicólogo, que há tempos se sobressaem sobre a música daquele que fundou uma das bandas de maior sucesso do país. E foi em Brasília que mergulhou nesse seu novo mundo.

Maltz deixou o Engenheiros do Hawaii em 1996. Dois anos depois, morando no Rio de Janeiro, após o término do segundo casamento e de outra banda, passou a frequentar a União do Vegetal, religião brasileira fundada em 1961 e que visa “promover a paz e trabalhar pela evolução do ser humano no sentido do seu desenvolvimento espiritual”. Em suas sessões, os associados bebem o chá hoasca, ou ayahuasca, também chamado de “vegetal”.

Imerso na religião, Maltz decidiu se mudar para Brasília em 1999. “Essa mudança ocorreu porque a sede da União do Vegetal fica em Planaltina (uma das regiões administrativas do Distrito Federal)”, afirma. Mas ele também passou a estudar astrologia e psicologia. Logo se tornou uma referência na capital. “Houve uma época que não dava conta de atender todos os que me procuravam”, conta.

Era a época em que morava na Asa Norte, onde também mantinha seu consultório. Ele credita a grande procura ao fato de em Brasília muita gente morar sozinho, após deixar sua cidade para estudar ou trabalhar. “Sozinha, a pessoa busca o autoconhecimento. E tem essa energia de Brasília. Senti isso. E fez muita diferença em meus estudos e no meu trabalho”, ressalta. “O céu de Brasília me tocou muito. Não há como ser astrólogo sem o céu, as estrelas”, completa.

Maltz desenvolveu um método pessoal de atendimento, focado na análise da psique do cliente. Também passou a escrever livros. Lançou o primeiro, Abilolado Mundo Novo, em 2010. A obra é uma coletânea de ideias e discussões, passando por psicologia, astrologia e comentários autobiográficos. Fez uma tour, a Abilolada, com shows, palestras, bate-papos, exposições, leituras e apresentação de seu livro.  

Maltz só deixou Brasília em 2022. Voltou para o Sul do país. Foi morar em Joaçaba, no Oeste de Santa Catarina. Com a pandemia de Covid-19 passou a fazer atendimentos online. Com isso, também encontrou mais tempo para curtir as três filhas e os dois netos. 

Atualmente, ele abastece suas redes sociais com vídeos em que toca pandeiro com um genro no violão e filha no vocal, geralmente cantando músicas religiosas. Também tem leitura de carta do dia e análises sobre os mundos terreno e espiritual.