ECONOMIA

Guedes acusa Bélgica e França de atrasar entrada do Brasil na OCDE

Ministro da Economia deu palestra no Fórum Econômico Mundial em Davos, na Suíça, onde também defendeu políticas fiscais do governo Bolsonaro

Por Luana Melody Brasil
Publicado em 25 de maio de 2022 | 15:07
 
 
Ministro da Economia Paulo Guedes participou do Fórum Econômico Mundial em Davos, na Suíça, nesta quarta-feira (25) Foto: Antônio Cruz/Agência Brasil

Em palestra no Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça, o ministro da Economia Paulo Guedes afirmou que o Brasil é o país dos investimentos do futuro na área digital e de infraestrutura.

Em seguida acusou a Bélgica e a França de serem protecionistas, além de estarem "retardando" a entrada do Brasil na Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), bloco que reúne as nações mais desenvolvidas economicamente do mundo. 

"A Bélgica e a França ficam retardando o acesso do Brasil à OCDE porque são protecionistas com sua agricultura. Conversando com eles dissemos: nos aceitem antes que se tornem irrelevantes para nós", declarou o ministro, nesta quarta-feira (25).

A declaração está alinhada com o que disse o presidente Jair Bolsonaro (PL) a apoiadores no Palácio da Alvorada, na terça-feira (24), quando estimou que o Brasil deve ser aceito no bloco em dois ou três anos. Segundo especialistas em relações exteriores, o processo de negociação para que o Brasil ingresse na OCDE pode levar até cinco anos. 

Nessa mesma palestra, Guedes disse que França e Bélgica se tornaram comercialmente “irrelevantes” para o Brasil, citando como exemplo que o país comercializava US$ 2 bilhões por ano com a França e com a China no início dos anos 2000, mas que, atualmente, negocia cerca de US$ 120 bilhões anuais somente com a China, enquanto que com o país europeu são apenas US$ 7 bilhões.

Princesa da Bélgica se encontra com Lula em São Paulo

As declarações críticas a dois dos países mais importantes da União Europeia ocorrem no dia seguinte ao encontro da princesa da Bélgica, Marie-Esméralda Léopoldine, com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), principal adversário de Bolsonaro na corrida pela Presidência, em agenda fechada em São Paulo, na terça-feira (24). Ela não pretende se encontrar com Bolsonaro.

Em novembro do ano passado, Lula foi recebida com honras de chefe de Estado pelo governo de Emmanuel Macron, presidente recém reeleito na França. Na mesma época, Guedes, Bolsonaro e comitiva de ministros participaram do encontro do G20, que reuniu as 20 maiores economias do mundo em Roma, na Itália. Ele tampouco foi convidado por Macron para uma visita.

Guedes defende política fiscal do governo Bolsonaro

Ainda em Davos, Guedes defendeu no fórum a política fiscal que o governo federal adotou durante a pandemia do coronavírus, com o congelamento de gastos em outras áreas, mas sem detalhar quais, para concentrá-los na saúde. "Esperamos que, provavelmente, nos livraremos do problema da inflação antes das economias avançadas e provavelmente estaremos crescendo mais rápido antes das economias avançadas".

O ministro criticou os analistas do FMI por terem previsto o colapso da economia brasileira quando chegou a pandemia do coronavírus, disse que alertou os analistas de que estavam "subestimando a capacidade brasileira de responder à crise", citando a previsão de queda do PIB do Brasil, que, segundo ele, foi de 9,7%, e comparando com a previsão feita para outros países, como Reino Unido, Itália, Alemanha e Japão. "Nós nos saímos melhor do que todos os outros países na área fiscal", disse o ministro.

Guedes também atribuiu às reformas fiscais o crescimento econômico, previsto em 2% para este ano. "Em vez de crescer 6, 8% com um grande déficit, nós removemos todos os incentivos fiscais durante a recuperação [econômica]", afirmou.

Em seguida, o ministro citou o programa de preservação de empregos durante a pandemia. Falou mais sobre a taxa de desemprego e o mau desempenho do Banco Central de países como China, Estados Unidos e os da Europa do que sobre a situação brasileira. 

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