Pandemia

Há um ano, Bolsonaro pedia respeito às decisões da Anvisa

Atualmente, governo faz consulta pública mesmo após agência autorizar imunização de crianças

Por O TEMPO Brasília
Publicado em 26 de dezembro de 2021 | 14:02
 
 
Fachada da Anvisa Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Se hoje o governo federal decide fazer uma consulta pública sobre vacinação infantil, mesmo após a Anvisa aprovar o uso do imunizante da Pfizer na faixa etária de 5 a 11 anos, há exatamente um ano a posição do presidente era bem diferente. No dia 26 de dezembro de 2020, o presidente defendia que algumas não queriam respeitar a decisão da Anvisa ao pressionar pelo início da vacinação em adultos, até aquele momento ainda não autorizada.

"Já assinei MP (Medida Provisória) de R$ 20 bilhões (para comprar os imunizantes) e entre eu e a vacina tem uma tal de Anvisa que eu respeito e alguns não querem respeitar, é só isso", disse Bolsonaro na ocasião, quando visitava bairros da região de Brasília.

O que não mudou, porém, foi a desconfiança do presidente em relação ao imunizante. Não por acaso, Bolsonaro diz até hoje que não se imunizou.

"Ninguém me pressiona para nada, não dou bola para isso (vacinação já ter sido iniciada em outros países). É razão, razoabilidade, é responsabilidade com o povo. Você não pode aplicar qualquer coisa no povo, disse Bolsonaro naquele dia 26 de dezembro de 2020, completando: "Em tudo o que eu vi até agora de vacina que poderão ser disponíveis tem uma cláusula que diz o seguinte: eles não se responsabilizam por qualquer efeito colateral", disse.

Agora, o questionamento de Bolsonaro é sobre a vacinação de crianças. Na véspera do Natal, em entrevista a jornalistas no Palácio do Planalto, o presidente defendeu a consulta pública realizada pelo Ministério da Saúde e afirmou que defende que haja receita médica para que o imunizante seja aplicado no público infantil. Ele também questionou se há uma taxa de mortes que justifique o início da campanha entre as crianças. Desde o início da pandemia, segundo a Câmara Técnica de Assessoramento em Imunização (CTAI) do Ministério da Saúde, mais de 300 crianças (uma a cada dois dias) já morreram vítimas de Covid-19 no Brasil.

Além disso, Bolsonaro vive uma guerra com a Anvisa e há, inclusive, questionamentos no Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a ameaça do presidente de divulgar nomes de técnicos da agência que liberaram a vacinação infantil. A diretoria da Anvisa relata que há centenas de ameaças feitas aos membros do órgão desde então e acusa o presidente de ativismo político violento.

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