Durante reunião com ministros da área social do governo nesta terça-feira (14), no Palácio do Planalto, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deu uma bronca e reclamou que nenhum chefe da pasta deve anunciar nenhum programa novo sem antes passar pela Casa Civil. Em tom irônico, chamou de "autor da genialidade" quem faz este tipo de prounciamento sem antes alinhar com o governo. (veja o vídeo no final do texto)
“É importante que nenhum ministro e nenhuma ministra anuncie publicamente qualquer política pública sem ter sido acordado com a Casa Civil, que é quem consegue fazer com que a proposta seja do governo. Nós não queremos proposta de ministros. Todas as propostas de ministros deverão ser transformadas em propostas de governo. E só serão transformadas em propostas de governo quando todo mundo souber o que vai ser decidido. Por isso que é importante toda e qualquer posição”, afirmou o petista.
Em seguida, Lula subiu o tom e ironizou. “Qualquer genialidade que alguém possa ter é importante que antes de anunciar faça uma reunião com a Casa Civil, para que a Casa Civil discuta com a Presidência da República para que a gente possa chamar o autor da genialidade e a gente possa anunciar publicamente, como se fosse uma coisa do governo, que esteja de acordo com os outros ministros, que esteja de acordo a Fazenda, o Planejamento”.
O início da reunião ministerial foi transmitida pela TV Brasil e pelos canais oficiais do governo nas redes sociais. O presidente Lula não citou nomes e disse, antes da transmissão ser interrompida, que citaria alguns exemplos no decorrer do encontro.
A fala foi vista como uma indireta ao ministro de Portos e Aeroportos, Márcio França. No final de semana, em entrevista ao jornal Correio Braziliense, França afirmou que o governo federal pretende fechar acordo com companhias aereas para vender passagens a R$200,00 para estudantes, aposentados e servidores públicos. Na mesma entrevista, o ministro admite que o plano tinha sido montando não tinha sido acordado com as demais alas do governo.
Márcio França não foi o único ministro a pegar o governo de 'surpresa' com anúncios e declarações. Em janeiro, o ministro da previdência social, Carlos Lupi falou em revisar a reforma da previdência, mas foi desautorizado por Rui Costa da Casa Civil.
Outro exemplo é do ministro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho, que chegou a dizer que acabaria com o saque-aniversário do FGTS. Depois, foi repreendido e voltou atrás.
Na reunião ministerial desta terça-feira, em que os gestores vão alinhar o que vai ser anunciado nos 100 dias de governo, o presidente Lula disse que os ministros terão todo apoio do governo, mas pediu que antes eles combinem com os titulares da Fazenda, Fernando Haddad e com Simone Tebet do Planejamento que são “quem cuidam do caixa do governo”. “Vocês terão todo apoio para quem não errem. Para que façamos aquilo que está dentro da nossa possibilidade. Se tiver que arriscar alguma coisa, que arrisque com viés de acerto acima de 80%. Não podemos correr risco de anunciar coisas que não podem acontecer”.
O petista disse que esse alinhamento é importante para manter a unidade e coesão do governo. “Então, ninguém anuncie nada, absolutamente nada, sem antes conversar com a Casa Civil”.
Participaram da reunião, além da primeira-dama, Janja da Silva, 19 ministros: Geraldo Alckmin (Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Vice-Presidente da República); Rui Costa (Casa Civil); Fernando Haddad (Fazenda); Camilo Santana (Educação); Margareth Menezes (Cultura); Luiz Marinho (Trabalho e Emprego); Carlos Lupi (Previdência Social); Wellington Dias (Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome); Nísia Trindade (Saúde); Simone Tebet (Planejamento e Orçamento); Esther Dweck (Gestão e Inovação em Serviços Públicos); Ana Moser (Esporte); Cida Gonçalves (Mulheres); Anielle Franco (Igualdade Racial); Silvio Almeida (Direitos Humanos e Cidadania); Sônia Guajajara (Povos Indígenas); Márcio Macêdo (Secretaria-Geral); Alexandre Padilha (Relações Institucionais); Paulo Pimenta (Comunicação Social).
Veja a bronca de Lula nos ministros:
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