RECLAMAÇÕES

Lula sugere criação de canal 180 para população registrar queixas do governo

Declaração do petista ocorre após nova pesquisa de opinião pública registrar queda de popularidade da gestão petista; governo tem desafio de furar bolha da comunicação governamental

Por Manuel Marçal
Publicado em 22 de abril de 2024 | 12:52
 
 
Governo Lula vive uma crise na comunicação governamental Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sugeriu, nesta segunda-feira (22), a criação de um canal de atendimento, no formato de 180, para que a população possa fazer reclamações, queixas e denúncias “se as coisas não estão acontecendo”.

A declaração ocorreu durante o lançamento do pacote de medidas do "Acredita", programa que visa liberar linhas de crédito e renegociar dívidas para microempreendedores individuais (MEIs), microempresas e empresas de pequeno porte. O formato é inspirado nos moldes do Desenrola Brasil, que renegociou dívidas de brasileiros com CPFs negativados.  

Durante a cerimônia de assinatura da Medida Provisória (MP) que institui o Acredita, Lula fez a fala direcionada aos ministros da Fazenda, Fernando Haddad, e do Empreendedorismo, Márcio França.  

“Nós temos que fazer, Haddad. Uma, eu não sei se é o ministério do Márcio, mas é criar um 180, 190, um telefone para que as pessoas pudessem telefonar e se queixar se as coisas não estão acontecendo”, declarou o petista.  

Em seguida, destacou que embora algumas políticas públicas sejam criadas, elas não chegam na ponta da forma como a população gostaria. “Porque muitas vezes as pessoas não têm a receptividade que imaginavam que iam ter. Então, ao invés de xingar a gente, é importante que a gente tenha pelo menos um ouvidor para que as pessoas possam se queixar”, declarou.  

A fala do petista ocorre um dia após o IPEC (antigo Ibope) apontar que 42% da população considera ruins ou péssimas áreas como saúde e segurança do governo Lula. A população também tem registrado preocupação com o “controle da inflação”. 

O levantamento IPEC se soma a outras quatro pesquisas de opinião pública que tem registrado neste ano a queda de popularidade da gestão petista.  

Mesmo com várias políticas públicas anunciadas desde o início da gestão, a exemplo do Desenrola, Pé-de-Meia, novo formato do Bolsa Família, entre outras, a percepção geral do Palácio do Planalto é que as pessoas não estão sentindo na ponta as ações do governo federal.   

Dessa forma, o governo Lula vive uma crise na comunicação governamental. O ministro da Comunicação Social, Paulo Pimenta, sofre pressão no cargo. Além disso, o próprio presidente da República tem pressionado os auxiliares para fazerem mais discursos alinhados e promoverem agendas em comuns.  

Para tentar furar a bolha e tentar contornar a situação, ministros do governo Lula e o próprio petista tem se encontrado com regularidade com ex-marqueteiro de campanha de Lula, Sidônio Palmeira.  

Programa Acredita 

Em seu discurso, o presidente Lula enalteceu a criação do programa Acredita que vai fomentar linhas de créditos e renegociações de dívidas para MEIs, pequenas e microempresas.

Lula defendeu que pessoas mais carentes da sociedade tenham acesso ao crédito. "Não tem nada mais imprescindível para a sociedade se a pessoa não tiver oportunidade e crédito. As pessoas que têm muito dinheiro, quando precisam, elas podem esperar alguns meses. Mas as pessoas que precisam de R$ 1000, R$ 1.500, R$ 2.000, que precisam de pouco para curar uma dor qualquer em casa, é difícil. Não tem banco para receber, porque banco não foi preparado para receber pobre", afirmou Lula.  

Em seguida, o petista destacou que políticas de distribuição de renda e de acesso ao crédito tiram a população da pobreza. E defendeu esse tipo de iniciativa do governo federal. "Queremos construir uma classe média sustentável com padrão de vida digno e decente. Para que as pessoas possam comer em um restaurante fim de semana, que as pessoas possam fazer viagens. Não queremos um país que eternamente dependa de um Bolsa Família, de um vale-gás. Enquanto esse país não fizer isso, nós não seremos uma sociedade de classe média e este programa dará um pontapé extraordinário”, concluiu.