Entrevista

Haddad afirma que Kalil é 'uma liderança interessante' e traça caminho para 2022

O petista concedeu uma entrevista ao programa Alerta Super, apresentado pelo jornalista Ricardo Sapia, na Rádio Super 91,7 FM, nesta quarta-feira (24)

Qua, 24/02/21 - 17h33
Haddad afirma que Kalil é 'uma liderança interessante' e traça caminho para 2022 | Foto: João Godinho / O TEMPO

Em entrevista ao programa Alerta Super, apresentado pelo jornalista Ricardo Sapia, na Rádio Super 91,7 FM, o presidenciável Fernando Haddad (PT) afirmou nesta quarta-feira (24) que o prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PSD), é “uma liderança interessante”, quando questionado sobre as opções cogitadas para a vice candidatura em sua chapa.

O professor da Universidade de São Paulo (USP) tem uma reunião marcada com o chefe do Executivo da capital mineira nesta quinta-feira (25). Sem revelar muito sobre as estratégias previstas para o próximo pleito Geral, em 2022, o petista, derrotado em 2018 por Jair Bolsonaro (sem partido) determinou caminhos estratégicos para a próxima eleição. “Eu quero dizer que a verdadeira alternativa ao Bolsonaro é o campo progressista”, postulou o pré-candidato. 


“Olha, veja bem, nós vamos encontrar porque eu quero, eu acho que o Kalil é uma liderança interessante. Ele ideologicamente ele não está superposicionado, ele é uma pessoa mais voo solo, vamos dizer assim, tem muita gente que não sabe nem que partido ele está filiado, ele tem uma característica. Contudo, ele pode, a partir de uma cidade importante como Belo Horizonte, ajudar na agenda em Brasília. Ele não precisa só cuidar de Belo Horizonte porque um prefeito de uma capital como Belo Horizonte, tem que se posicionar sobre temas nacionais”, pontuou Haddad.

 

O petista citou temas como “essa PEC que vai tirar dinheiro da Saúde e Educação” e disse que, por exemplo, “se ele der um telefonema para o PSD, que é o partido dele, pode ajudar o futuro do Brasil”, como uma das formas de influência de BH no cenário nacional.

“A gente quer entregar pra ele um conjunto de ideias que ele possa, eventualmente, nas horas ali entre uma agenda e outra, se debruçar. Isso vale para o prefeito do Rio de Janeiro, de São Paulo. São pessoas que têm influência nacional, podem ter. E a gente quer usar para o bem do Brasil essa influência, queremos ajudar com ideias, não temos nenhuma ilusão a respeito de ilusão para o futuro, não é disso que estamos tratando agora”, concluiu.

Vice dos Sonhos

Questionado sobre a formação da chapa, Haddad não deu detalhes de negociações, nem descartou opções especuladas até então – como a empresária Luiza Trajano, fundadora do Magazine Luíza.

“Tem gente no PT que tem, vamos dizer, uma certa saudade da dupla Lula e José de Alencar. Alencar é um mineiro ilustre, um homem digno, ele é a prova de que um empresário pode ter compromisso com o país. O homem que por oito anos honrou a vice-presidência da República, mas não apenas pela lealdade e ele era muito leal, mas porque ele deu uma dignidade para aquela função, era uma espécie de conselheiro, um homem que trazia uma sabedoria para o Palácio do Planalto, uma visão de Estado, uma visão da nação. Então a gente tem gente que acalenta o sonho de quem sabe a gente não encontre um perfil assim”, disse. 

“Você tem um vice dos sonhos?”, rebateu Sapia. “Nesse momento não, porque ainda temos muito chão pela frente e não queremos colocar o carro na frente dos bois”, respondeu Haddad. 

“O meme dele (Bolsonaro) era uma arma, o meu era um livro e uma carteira de trabalho”

“Por exemplo, falei na eleição no que eu realmente acredito, em 18, no que eu sou, em qual é a minha essência, o que eu recebi dos meus pais, das escolas que frequentei. Eu resumi em duas palavras, falei: ‘vou lutar para que todo brasileiro tenha trabalho e educação. Me cobrem isso. Me cobrem emprego, trabalho, oportunidade de renda e educação’”, lembrou o petista. 

“Fui ministro da Educação, ampliei como ninguém as oportunidades educacionais desse país e eu como presidente falei meu lema é esse, me cobrem por essas duas coisas, se eu não fizer avançar as duas agendas, vão poder me cobrar. Bolsonaro ganhou com outro lema, que eu acho estranho, mas ele sensibilizou com a segurança pública, não falou de emprego, de educação, não falou de cultura, falou que ia armar o povo, o meme dele era uma arma, o meu era um livro e uma carteira de trabalho”, lembra Haddad. 

Para o próximo pleito, o petista diz que “pode ser que em 2022 aquilo que vá, a parte da minha essência que vá sensibilizar o eleitorado tenha um terceiro componente, mas pode ser que seja as duas mesmas palavras”.

Relação com o Congresso

Sobre as dificuldades enfrentadas pela última liderança petista no Executivo, Dilma Rousseff, com o Congresso Nacional, Haddad afirmou acreditar que a configuração do Executivo é, em 2021, “diferente” da que havia em 2014.

“O Congresso tem um viés muito conservador, mas ele é diferente do Congresso eleito em 2014. Estou dizendo por experiência própria.  É muito difícil você negociar com um sujeito como o Geddel (Vieira Lima), que foi preso com R$ 50 milhões em dinheiro dentro do apartamento, é muito difícil você negociar com um sujeito como o Eduardo Cunha e é muito difícil a situação em que a Dilma se encontrava de ter essas duas pessoas muito próximas do vice-presidente da República. E isso foi uma combinação explosiva porque eles efetivamente fizeram a cabeça do Temer que era chegar à presidência da República. E essas duas figuras, para não dizer de outras ali da Câmara que também explanaram, por assim dizer, eram figuras muito deletérias, não estou dizendo que o Congresso é mais fácil hoje do ponto de vista de negociação, talvez seja até mais difícil, mas eu acho que não aconteceria a mesma coisa, eram pessoas muito complicadas, ameaçadoras”, completou. 

Assista à entrevista completa:

 

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