Eleições

Indefinições nacionais atrasam formação das chapas em Minas

Siglas esperam decisões para avançar nas indicações de cargos estratégicos, como vice-governador

Por Marcelo da Fonseca
Publicado em 22 de novembro de 2021 | 04:00
 
 
Programa. Chefe de Gabinete interino, Osvander Valadão, anunciou que cadastro começará hoje Foto: Ronaldo Silveira/divulgação PMB

Há menos de um ano para as eleições de 2022, os diretórios mineiros dos partidos esperam definições nacionais para avançar nas indicações de cargos estratégicos, como os candidatos a vice-governador. Apesar da especulação sobre dezenas de nomes – analisados e testados em pesquisas internas –, a estratégia da maioria das legendas em Minas é indicar a intenção de lançar cabeças de chapa, ou seja, apostar que seus indicados podem brigar pelo Palácio Tiradentes em outubro do ano que vem. 

Poucos partidos admitem, por enquanto, a possibilidade de abrir mão de lançar uma candidatura própria para apresentar candidatos a vice-governadores.

Alguns parlamentares do União Brasil, partido que está sendo criado a partir da fusão entre PSL e DEM (ainda aguardando o processo de oficialização no TSE), não descartam uma aliança com o governador Romeu Zema (Novo), em que a nova sigla poderia indicar um candidato para vice.

Com o maior tempo de televisão e grande fatia do Fundo Partidário, a sigla se tornou um ativo importante para o próximo pleito em Minas. “Será um partido cobiçado pelos candidatos ao governo, então, sabemos que vamos ter um papel de protagonistas”, avaliou o deputado Charlles Evangelista (PSL). 

No entanto, em meio às incertezas dos acordos nacionais, em que o secretário do União Brasil, ACM Neto, tem negociado uma aliança com vários presidenciáveis – incluindo políticos de campos opostos, como Ciro Gomes (PDT) e Sergio Moro (Podemos) –, os arranjos para chapa majoritária no Estado pouco avançaram. 

Descontentes

Até mesmo a aliança entre o prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PSD), e o presidente da Assembleia de Minas, deputado Agostinho Patrus (PV), que vinha sendo considerada certa por várias lideranças políticas, entrou em modo de espera. Segundo o presidente do PV em Minas, Osvander Valadão, a chapa desagrada à maioria do partido, e o desejo é buscar outro caminho no Estado. 

“Talvez em razão das proximidade pessoal entre Agostinho e o prefeito, surgiu essa possibilidade, mas, com relação ao partido, isso não está em nosso cardápio. Temos um compromisso e prioridade de seguir a agenda nacional do PV, então vamos fazer o que acomodar melhor nossa agenda nacional. No partido não há essa especulação de que Agostinho será candidato a vice. Isso apetece a poucos”, afirma o presidente do PV.

Ele avaliou ainda que as eleições em Minas são marcadas por mudanças repentinas e imprevisíveis. “Ao mesmo tempo que você percebe algo cristalizado, começa a ver que pode se desintegrar. O que tem força hoje dentro do partido e faz sentido para o PV é a construção de uma alternativa a essa polarização imposta, entre Kalil e Zema”, afirma. 

Pré-candidato ao governo de Minas pelo PSD, Alexandre Kalil prefere não tornar públicas as conversas sobre a formação da chapa para 2022, mas afirmou no final de julho que considera uma aliança com Agostinho Patrus “uma boa ideia”.

Prioridade

O cenário observado no PSDB estadual é parecido no PT de Minas, que aponta como prioridade uma estratégia que ajude o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em sua campanha ao Palácio do Planalto nas eleições do próximo ano.

“Nós vamos caminhar na tática que for a melhor para a eleição do Lula como presidente. Vamos avaliar como Minas vai contribuir, se terá candidatura própria, neste caso qual será o perfil ideal, ou se vai contribuir participando de alguma aliança”, explicou à reportagem o presidente do PT em Minas, o deputado estadual Cristiano Silveira. 

O petista ressalta que, apesar do compasso de espera pelas definições em Brasília, as conversas estão sendo feitas com os possíveis candidatos. 

“Temos que aguardar o que for encaminhado em nível nacional, o que não nos impede de nos movimentar. Temos pré-candidaturas já colocadas, como do deputado (federal) Reginaldo Lopes, do prefeito de Teófilo Otoni, Daniel Sucupira, do prefeito de Alfenas, Luizinho. Mas essa definição será tomada em conversa com a direção nacional e com o próprio Lula”, declarou Cristiano Silveira. 

Protagonismo

A espera por definições dos diretórios nacionais também afeta o PT e o PSDB, que nas últimas décadas encabeçaram a maior parte das disputas eleitorais no Estado. Entre os tucanos, a filiação do vice-governador Paulo Brant foi considerada um indicativo de que o partido pode participar da chapa de Zema em busca da reeleição. No entanto, o próprio Brant afirmou em seu discurso de filiação que “é hora de a sigla ganhar protagonismo” e relembrou a tradição do PSDB em Minas. Ele se elegeu em 2018 pelo Partido Novo, mas em março do ano passado deixou a legenda após divergências internas sobre alianças e acordos do governo no Legislativo. 

O presidente estadual do PSDB, deputado Paulo Abi-Ackel, indicou no fim de setembro que as definições do partido em Minas dependerão do resultado das disputas nacionais da sigla. “Em relação à eleição que o PSDB terá em 2022, antes de qualquer possibilidade de acordo, temos que analisar o que vai acontecer no plano nacional. Uma candidatura forte do partido à Presidência pode exigir que o partido tenha palanque próprio em Minas. Outra hipótese é estudar a manutenção de uma aliança com o governador Zema”, analisou Abi-Ackel.