A Polícia Federal abriu um procedimento interno para apurar "boatos de possível interferência" na operação que levou à prisão o ex-ministro da Educação Milton Ribeiro.

A abertura do procedimento foi informada nesta quinta-feira (27) pela corporação, em nota, mas não esclarece nem detalha o que seria a  interferência.

“Considerando boatos de possível interferência na execução da Operação Acesso Pago e objetivando garantir a autonomia e a independência funcional do Delegado de Polícia Federal, conforme garante a Lei nº 12.830/2013, informamos que foi determinada a instauração de procedimento apuratório para verificar a eventual ocorrência de interferência, buscando o total esclarecimento dos fatos”, diz a nota da PF.

Mensagem de um delegado apontou interferência

O delegado Bruno Callandrini teria dito, em mensagem interna a colegas da polícia, que houve tratamento diferenciado no caso e por "decisão superior" Ribeiro não foi transferido para Brasília, conforme havia determinado o juiz responsável pelo caso. A informação é do site G1 e do jornal Folha de S.Paulo.

De acordo com as reportagens, o delegado teria reclamado de "não ter autonomia investigativa e administrativa para conduzir o Inquérito Policial deste caso com independência e segurança institucional".

"Falei isso ao Chefe do CINQ [Coordenação de Inquérito nos Tribunais Superiores da Polícia Federal] ontem, após saber que, por decisão superior, não iria haver o deslocamento de Milton Ribeiro para Brasília e manterei a postura de que a investigação foi obstaculizada ao se escolher pela não transferência de Milton a Brasília à revelia da decisão judicial", escreveu o delegado na mensagem.

Vaivém na transferência

O ex-ministro da Educação foi preso em Santos, no litoral paulista, por decisão da Justiça Federal do Distrito Federal. A investigação contra o político e outras quatro pessoas tramita em Brasília e, por isso, o juiz havia determinado a transferência deles para passar por audiência de custódia. 

No final da noite de quarta, porém, a transferência foi cancelada e ficou decidido que audiência de custódia do ex-ministro aconteceria de forma virtual e ele poderia continuar em São Paulo. A motivação da mudança não foi esclarecida pela Justiça.  

Milton Ribeiro, os dois pastores e outros dois investigados no caso foram soltos na tarde desta quinta-feira (23) por decisão do desembargador Ney Bello, do Tribunal Regional Federal da 1ª Região

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