Na Polícia Federal

Valdemar fala por quatro horas em investigação sobre suposto plano de golpe

O presidente do Partido Liberal, sigla do ex-presidente Jair Bolsonaro, compareceu à sede da instituição nesta quinta-feira (22) para prestar esclarecimentos

Por Gabriela Oliva
Publicado em 22 de fevereiro de 2024 | 19:05
 
 
Valdemar Costa Neto foi ouvido nesta quinta-feira (22) pela Polícia Federal Foto: Beto Barata/ PL

O presidente do Partido Liberal (PL), Valdemar Costa Neto, falou por quatro horas durante depoimento na sede da Polícia Federal (PF), em Brasília, nesta quinta-feira (22). A PF investiga um suposto plano para executar um golpe de Estado cujo objetivo seria manter o ex-presidente Jair Bolsonaro no poder e impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Ao sair da PF, Valdemar se limitou a acenar e sua defesa divulgou uma nota para confirmar que ele respondeu todas as perguntas que foram feitas. Os advogados afirmaram, no entanto, que não iriam fazer comentários sobre as investigações.

Valdemar está em liberdade provisória

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes concedeu, em 10 de fevereiro, liberdade provisória ao presidente do PL. Moraes determinou, porém, a manutenção de medidas cautelares, estabelecendo condições que Valdemar deve cumprir enquanto estiver em liberdade.

Ele foi detido na Superintendência da Polícia Federal (PF), em Brasília, em 8 de fevereiro. Sua prisão em flagrante ocorreu após agentes federais encontrarem uma arma sem registro e uma pepita de ouro em sua residência.

Moraes havia autorizado apenas o cumprimento de mandado de busca e apreensão contra o presidente nacional do PL, no âmbito da operação Tempus Veritatis, que apura "tentativa de golpe de Estado e abolição do Estado Democrático de Direito". No entanto, ele foi preso para explicar sobre os objetos apreendidos na sua residência. 

Valdemar foi descrito no inquérito da PF como um dos responsáveis por usar a estrutura do PL, inclusive a parte financeira, para elaborar estudos que colocassem em descrédito o sistema eleitoral brasileiro, mais especificamente sobre as eleições presidenciais de 2022. 

Depoimentos ocorreram simultaneamente nesta quinta

Ao todo, 23 pessoas foram intimadas pela Polícia Federal a depor no âmbito da Operação Tempus Veritatis. Entre eles está Jair Bolsonaro e quatro oficiais-generais de quatro estrelas.

Os depoimentos começaram de forma simultânea a partir das 14h30 desta quinta-feira (22), em oito unidades da federação: Distrito Federal, Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Espírito Santo, Paraná, Mato Grosso do Sul e Ceará.
 
Depoimentos em Brasília:

  • Jair Bolsonaro
  • General Augusto Heleno, ex-ministro do GSI
  • Anderson Torres, ex-ministro da Justiça
  • Marcelo Costa Câmara, ex-assessor
  • Mário Fernandes, ex-titular da Secretaria-Geral da Presidência
  • Tércio Arnaud
  • Almir Garnier, ex-comandante da Marinha
  • Valdemar Costa Neto, presidente do PL
  • Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa
  • Cleverson Ney Magalhães
  • Walter Souza Braga Netto, ex-ministro-chefe da Casa Civil
  • Bernardo Romão Correia Neto
  • Ronaldo Ferreira de Araújo Junior

Rio de Janeiro:

  • Hélio Ferreira Lima
  • Sérgio Ricardo Cavaliere de Medeiros
  • Ailton Gonçalves Moraes de Barros
  • Rafael Martins Oliveira

 
São Paulo:

  • Amauri Feres Saad
  • José Eduardo de Oliveira

Paraná:

  • Filipe Garcia Martins

Minas Gerais:

  • Éder Balbino

Mato Grosso do Sul:

  • Laércio Virgílio

 
Espírito Santo:

  • Ângelo Martins Denicoli

Entenda a operação

Os depoimentos fazem parte da operação Tempus Veritatis, deflagrada pela PF há duas semanas. Segundo as investigações, Bolsonaro e seus aliados se articularam para promover um golpe de Estado e mantê-lo no poder, visando impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Um vídeo contendo a gravação de uma reunião foi descoberto em um dos computadores de Mauro Cid. Nesse vídeo, Bolsonaro é visto instruindo seus ministros sobre a necessidade de agir antes das eleições para evitar que o Brasil se torne "uma grande guerrilha" e "uma fogueira".