Com medo de serem presos por uma suposta perseguição da Polícia Federal (PF), apoiadores de Jair Bolsonaro - e que não aceitam o resultado das eleições - esvaziaram a área de estacionamento e espelho d'água do Palácio do Alvorada. O local é um dos cartões-postais da capital federal.
Segundo a reportagem ouviu dos próprios manifestantes, muitos estão no QG do Exército ou já voltaram para suas casas. "No QG, eles não podem nos prender, porque é uma área militar. Aqui é uma área civil", afirma uma manifestante em referência ao Alvorada. "Então, a Polícia Federal pode vir aqui disfarçada, à paisana, e prender um de nós", pontua a mulher vestida com camisa amarela e com estampa do presidente.
Outra apoiadora completa o raciocínio da colega. "O Alexandre de Moraes [ministro do Supremo Tribunal Federal] disse que tem muita gente para prender ainda, né? Então, não sabemos o que pode acontecer".
Durante vários dias, apoiadores do presidente se concentraram no Alvorada à espera de alguma fala ou pronunciamento dele. Desde a sua derrota nas urnas, Bolsonaro tem ficado recluso na residência oficial, sem dar declarações e entrevistas à imprensa.
Bolsonaro chegou falar algumas vezes, e até mesmo chorar, diante de centenas de apoiadores no gramado da residência oficial. Segundo funcionários que trabalham no Alvorada, os manifestantes 'esvaziaram' o local entre terça e quarta-feira.
A área vazia contrasta com as dezenas de sacos de lixo que ainda não foram recolhidos. Alguns apoiadores confirmam o período e disseram que circulou nas redes sociais informações que a PF prenderia mais pessoas.
Na última quinta-feira (15), a PF cumpriu 103 mandados de busca e apreensão, além de prender quatro pessoas. A operação ocorreu em oito estados e no Distrito Federal. As ações foram realizadas por ordem de Moraes, com base na investigação sobre os bloqueios de rodovias e manifestações que contestaram o resultado das eleições presidenciais.
Moraes também determinou quebras de sigilo bancário, apreensão de passaportes, suspensão de certificados de registro de Colecionador, Atirador Desportivo e Caçador (CACs), além do bloqueio de contas bancárias e da derrubada de 168 perfis em redes sociais de dezenas de pessoas acusadas de organizar e financiar atos contra o resultado das eleições ou com pedidos de intervenção.
Na segunda-feira (12), manifestantes em Brasília tentaram invadir a sede da Policia Federal, depredaram uma delegacia e queimaram ônibus e carros no centro da capital federal. Ninguém foi preso naquele dia. Os atos de vandalismo ocorreram após a PF prender um indígena apoiador do presidente.
Mudança do Alvorada e do Palácio do Planalto
Desde ontem, vários veículos de imprensa flagraram caminhões de mudança saindo do Palácio do Alvorado e do Palácio do Planalto. Ambos os locais têm que estar desocupados para o presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que toma posse no dia primeiro de janeiro.
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