MATEUS SIMÕES

A falta que faz o videomonitoramento

BH foi uma das primeiras capitais a contar com essa estrutura

Por Da Redação
Publicado em 18 de março de 2019 | 03:00
 
 

BH saiu na frente, no final da década de 90, ao iniciar as providências que acabaram resultando na implantação do Olho Vivo, a partir de 2004. Na época, fomos uma das primeiras capitais do país a investir em videomonitoramento, seguindo a tendência que já tinha se instalado no resto do mundo, como medida de melhorar a segurança pública, inibindo a atividade criminosa e facilitando as investigações.

Em 2014, foi inaugurado o Centro Integrado de Operações (COP), que centralizou as câmeras e os esforços de acompanhamento do monitoramento da cidade. Fomos uma das primeiras capitais a contar com essa estrutura, com a melhor tecnologia disponível.

Mas estamos parados desde então...

O número de câmeras instaladas e de bairros atendidos pelo monitoramento não cresceu nesta administração. Pior, as câmeras existentes têm parado de funcionar e vêm se degradando pela falta de manutenção.

Por outro lado, o COP conduz suas atividades com fiscalização apenas visual das imagens, uma atividade desgastante e pouco eficiente, num tempo em que já contamos com softwares com as mais diversas funcionalidades, desde fiscalização de invasão de áreas restritas até acompanhamento de identificação facial e de placas de carros.

Eu repito isso desde que assumi como vereador e tenho destacado todo o valor que me é permitido, anualmente, para essa atividade. Infelizmente, não é suficiente, e estou sozinho no esforço, pois aparentemente não é prioridade para a administração municipal.

É um erro essa postura. O monitoramento poderia fazer muita diferença para uma cidade que fica, a cada dia, mais pobre, feia, suja e perigosa, muito por conta da crise econômica que se instalou por aqui e que, diferentemente de várias outras capitais do país, parece não ter data para acabar.

Basta ver o desenrolar das investigações do caso Marielle, em que os assassinos só foram presos porque câmeras de monitoramento mostraram os veículos, depois o braço do suspeito e até uma piscada de tela de um celular, todos elementos essenciais para garantir a prisão dos culpados e que só foram percebidos pela presença do monitoramento eletrônico na área.

O hábito de se portar bem em qualquer lugar e a qualquer tempo é prova de civilidade, mas, até que nossa sociedade alcance esse parâmetro de conduta, de forma orgânica e espontânea, manterei minha defesa de que espaços públicos bem vigiados são um passo essencial para o controle da violência, da depredação e da civilidade no comportamento cotidiano das pessoas. O fato de saber que se está sendo visto muda o comportamento individual e coletivo, garante mais harmonia no uso do espaço público e mais responsabilidade por parte de civis e mesmo das forças de segurança.

Como gosto de brincar com meus alunos: ninguém bebe água no bico sem conferir, por cima dos ombros, se há uma testemunha por perto.

A alegação de que isso contrariaria o direito de intimidade e privacidade de alguns ignora o fato de que, na rua, esses direitos não se sobrepõem ao interesse geral de vigília.

Contra os que alegam que esse é o caminho para uma realidade policialesca, questiono se não deveria ser esse mesmo o nosso objetivo: dar alcance à visão da polícia onde hoje os criminosos circulam livremente.

Já cedemos espaço demais a quem se profissionalizou em tirar para si o que o outro ganhou com seu trabalho, desde o trombadinha até o governo que arrecada impostos e não entrega serviços. Chega!