Disciplina

Mensaleiros mineiros estão adaptados à rotina da prisão  

Todos os condenados pelo esquema criminoso apresentaram bom comportamento neste ano

Seg, 15/12/14 - 03h00

Os mensaleiros presos em Minas Gerais, após um ano cumprindo pena, segundo informações de seus advogados e da Secretaria de Defesa Social, estão bem adaptados à rotina do cárcere e trabalham para reduzir suas penas. As atividades, bem diferentes das que praticavam antes da condenação, são as mesmas das de outros detentos. Sem privilégios, eles fazem trabalhos manuais, tomam banho de água fria e têm uma alimentação simples.

No dia 15 de novembro de 2013, quando o Supremo Tribunal Federal (STF) mandou prender os mensaleiros já condenados, alguns chegaram para se apresentar à Polícia Federal em carros de luxo. Ainda ostentavam um estilo de vida completamente diferente do que desfrutam agora que o trabalho é sinônimo de menos tempo na cadeia e de forma de se abstrair de uma dura realidade.

Considerado o operador do mensalão do PT, o empresário Marcos Valério foi obrigado a trocar sua agência de publicidade pelo Projeto Repintar. Cumprindo a sentença na penitenciária Nelson Hungria, localizada na região metropolitana de Belo Horizonte, Valério faz pinturas sobre telas e ainda dá expediente diário de seis horas, de segunda a sexta-feira, em uma das oficinas oferecidas aos presos, que envolve fábrica de bola, serralheria e mecânica.

Já o ex-vice-presidente do Banco Rural José Roberto Salgado, que cumpre pena no mesmo local, dedica oito horas por dia a uma horta. Assim como o publicitário, ele também tem direito a uma cela individual de seis metros quadrados com uma cama de alvenaria, uma pia, um vaso sanitário, e chuveiro com água fria.

As mulheres envolvidas no esquema, a ex-presidente do Banco Rural Kátia Rabello e a ex-diretora da empresa de Valério, a SMP&B, Simone Vasconcelos, estão reclusas na penitenciária feminina Estevão Pinto, em Belo Horizonte, onde dividem a mesma cela.

Elas também se dedicam à mesma atividade durante oito horas por dia: o artesanato. Simone Vasconcelos ainda deu aulas preparatórias para as presas que fizeram o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). De acordo com o seu advogado, Leonardo Yarochewsky, ela já conseguiu uma remição de 30 dias na sua pena de 12 anos.

Dos que estão em Minas, apenas o ex-deputado federal Romeu Queiroz e o advogado da empresa de Valério, Rogério Tolentino, estão em regime semi-aberto, que confere o benefício do trabalho externo.

Ambos cumprem pena na Penitenciária José Maria Alkmin, em Ribeirão das Neves. A Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds) informou que Queiroz deixa o presídio às 6h e retorna às 18h30. Aos sábados, o expediente vai até 14h.

Ex-diretor do Banco Rural, Vinícius Samarane é o único que cumpre a sentença na Apac de Nova Lima, que fica na região metropolitana de Belo Horizonte. A Seds não explicou qual atividade ele desempenha, mas o seu advogado, Maurício Campos, disse que seu cliente trabalha com as atividades que são propostas no local.

Os presídios têm a mesma rotina. Os condenados acordam por volta das 7h30 e arrumam suas celas. Logo depois tomam o café da manhã, servido com pão, manteiga e leite. Às 11h é o almoço, que conta com arroz, feijão, carne e uma guarnição, com fruta ou doce de sobremesa. O café da tarde é oferecido às 14h, e o jantar, às 17h. De acordo com a Seds, os condenados recebem visitas semanais de parentes e advogados.

A secretaria também explicou que nenhum dos presos cometeu ato de indisciplina. A convivência com outros condenados e com as equipes das unidades é avaliada como tranquila.

Indulto. Dos sete mensaleiros que estão em Minas Gerais, apenas Rogério Tolentino e Romeu Queiroz podem usufruir do indulto de Natal. De acordo com a legislação, têm o benefício os presos com condenação menor do que oito anos e que tenham cumprido um terço da pena ou metade (se reincidente).

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