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Joice Hasselman apresenta pedido de impeachment contra Bolsonaro

Líder do PSL na Câmara diz que o documento é baseado na denúncia de falsidade ideológica

Por Fransciny Alves
Publicado em 24 de abril de 2020 | 19:22
 
 
Deputada federal Joice Hasselmann Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom / Agencia Brasil

Ex-líder do governo Jair Bolsonaro no Congresso Nacional, Joice Hasselman (PSL-SP) protocolou, na noite desta sexta-feira (24) na Câmara dos Deputados, um pedido de impeachment contra o presidente da República.

A líder do PSL na Câmara diz que o documento é baseado em denúncia de falsidade ideológica por conta de informação publicada no Diário Oficial da União (DOU), relatando a exoneração de Maurício Valeixo da diretoria Geral da Polícia Federal (PF) “a pedido” do então ministro da Justiça, Sergio Moro, e do próprio presidente.  

No entanto, na manhã dessa sexta, ao pedir demissão Moro disse que Valeixo teria sido pressionado a sair e garantiu que não assinou o documento de desligamento do diretor geral e ele não tinha ciência do fato. Mais tarde, o Palácio do Planalto divulgou novamente a exoneração de Valeixo, mas sem a assinatura do ex-juiz. 

"Em pronunciamento realizado na sede do Ministério, relatou que o decreto de exoneração do diretor Geral da Polícia Federal, que supostamente
subscreveu, contém informação falsa. Isso porque, segundo o ministro, não houve pedido de exoneração, e Sergio Moro conheceu o pretenso pedido tão somente após sua publicação em Diário Oficial. De pronto, nota-se a prática de ao menos dois atos que configuram crimes de responsabilidade do Presidente da República", consta no documento.

Além disso, Joice relembra no pedido a fala de Moro sobre a intenção de interferência do presidente em investigações em curso no STF: '“Presidente também me informou que tinha preocupação com inquéritos em curso no Supremo Tribunal Federal, em que a troca também seria oportuna, da Polícia Federal, por esse motivo. Também não é uma razão que justifique a substituição, até algo que gera uma grande preocupação.'”

A fala do ex-ministro, em que acusa o presidente a querer interferir na corporação, é um pressuposto para o pedido de impeachment de Joice. "Conforme o pronunciamento, um dos motivos reais que levaram ao pedido e determinação da substituição do diretor da Polícia Federal era o desejo de Jair Bolsonaro possuir o acesso, não permitido, aos relatórios de Inteligência de investigações da Polícia Federal. Esses documentos contêm informações sigilosas sobre o encaminhamento e desdobramento de investigações de interesse nacional, restritas aos próprios servidores que as conduzem e ao alto escalão do órgão, sendo vedada a disseminação desse conteúdo para terceiros, ainda que componentes da Cúpula do governo federal", diz.

Ela indaga ainda o real motivo da troca tendo em vista um cenário em que os filhos do presidente, especialmente o senador Flavio Bolsonaro (RJ) e Eduardo Bolsonaro, estão inseridos em diversos escândalos investigados, inclusive sendo investigados pela PF.

O  presidente Jair Bolsonaro negou em pronunciamento, nesta sexta-feira, todas as acusações feitas por Moro.

Pelo menos outros 22 pedidos de impeachment contra Bolsonaro já tramitam no Congresso Nacional. Entre eles, os protocolados por PDT,  a bancada do PSOL e o antigo aliado do presidente, o deputado federal Alexandre Frota (PSDB-SP).

Relembre a briga
Joice Hasselmann deixou a liderança do governo no Congresso Nacional em outubro do ano passado, em meio à crise no PSL. A insatisfação do presidente com ela já existia, mas foi agravada após ela assinar uma lista de apoio à permanência do deputado Delegado Waldir (GO) na liderança do PSL na Câmara. 

Depois de brigar com o presidente da sigla e deputado federal, Luciano Bivar (SP), o chefe do Palácio do Planalto tentou que o posto ficasse com seu filho, Eduardo Bolsonaro (SP). A confusão se arrastou por meses e o filho do presidente se efetivou no cargo meses depois.. 

Em função desse desgaste, a parlamentar prestou depoimento à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito da Fake News (CPMI da Fake News) do Congresso, e ela detalhou como seria a atuação do grupo que ficou conhecido como "gabinete do ódio" da Presidência da República. Desde então, é vista como uma das inimigas do governo.

Essa matéria está em atualização.