Eleições 2022

Mourão diz não ver espaço para levante bolsonarista nas PMs

Vice-presidente também afirmou que não se pode comprar o que aconteceu nos Estados Unidos com a realidade brasileira

Qui, 17/06/21 - 10h37
Fala polêmica do vice foi ao comentar sobre dados das queimadas na Amazônia | Foto: Antonio Cruz / Agência Brasil

O vice-presidente Hamilton Mourão (PRTB) não vê espaço para um levante bolsonarista promovido por policiais militares em caso de derrota na disputa das eleições de 2022. Segundo ele, não é possível comparar, por exemplo, as situações do Brasil com a dos Estados Unidos, onde partidários de Donald Trump invadiram o Capitólio para tentar reverter a validação dos resultados. As declarações foram dadas em entrevista ao podcast da jornalista Malu Gaspar, no jornal "O Globo".

"Existe uma análise que vem sendo feita na qual se procura dizer "o (então presidente Donald) Trump fez aquilo (invasão ao Congresso) nos Estados Unidos, vai ter uma milícia aqui que vai (fazer o mesmo)”. Você não pode comparar a sociedade americana com a brasileira. É óbvio que você encontra um número significativo de policiais simpáticos ao nosso governo e, em particular, ao presidente Bolsonaro, mas você também tem policiais que são simpáticos à esquerda, ao PT, seja lá quem for", afirmou, para depois rechaçar mais diretamente a possibilidade de um levante bolsonarista nas PMs.

"Não tem espaço. Quando a gente procura um modelo histórico e quer transpor para o presente, tem de olhar quais são as causas profundas, as causas imediatas e aquilo que pode ser o pavio que incendeia e deflagra o processo. E o processo brasileiro é outro, totalmente diferente. Então, eu não temo nada disso daí", disse.

Na entrevista, Mourão também se colcou contra o passaporte da imunidade a ser cobrado em locais públicos. O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) que vai vetar a proposta. Para Mourão, isso não daria certo no Brasil pois haverá falsificações.

"Eu acho que não vai dar certo. Cada um terá de andar com um cartãozinho na carteira dizendo que foi vacinado. O cara na entrada do restaurante vai me cobrar isso? E no parque? Esse troço não vai funcionar. Isso aqui é Brasil, pelo amor de Deus! Vai ter falsificação do passaporte, venda no camelô. Você vai à Central do Brasil, aí no Rio, e vai comprar o passaporte para você", disse, enfatizando, porém, que acha que isso será necessário para viajar de um país para o outro.

Mourão também falou sobre o distanciamento em relação ao presidente. Prometeu lealdade a Bolsonaro, mas disse que os indícios são de que o chefe do Executivo não deve contar com ele na chapa nas eleições de 2022.

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