Lava Jato

'Não tenho o que dedurar', diz Marcelo Odebrecht sobre delação

O presidente afastado da empreiteira Odebrecht disse que a investigação está causando desgaste desnecessário

Ter, 01/09/15 - 12h42
Setor que pagava propina era subordinado a Marcelo Odebrecht | Foto: Heuler Andrey / AFP

O presidente afastado da empreiteira Odebrecht, Marcelo Odebrecht, afirmou nesta terça-feira (1º) à CPI da Petrobras que "não tenho o que dedurar", rejeitando a hipótese de um acordo de colaboração premiada na Operação Lava Jato, e disse que a investigação está causando "desgaste desnecessário".

Ressaltando aos deputados que não poderia comentar detalhes das acusações que responde na Justiça, porque serão defendidas pelos seus advogados no processo, Marcelo foi o primeiro executivo da empreiteira Odebrecht a responder perguntas da CPI nesta sessão.

Outros três haviam sido ouvidos antes e ficaram em silêncio.

Marcelo Odebrecht foi preso em junho como parte das investigações da Lava Jato, sob acusação de integrar o esquema de corrupção na Petrobras e formar um cartel para obter contratos com a estatal. Ele teve a prisão prorrogada em julho.

Questionado pelo deputado Altineu Côrtes (PR-RJ) se tinha intenção de firmar uma colaboração, Marcelo deu o exemplo de suas filhas de que, quando elas brigam e ele pergunta quem provocou a briga, "eu talvez brigasse mais com quem dedurou do que aquele que fez o fato".

"Para alguém dedurar, ele precisa ter o que dedurar. Esse é o primeiro fato. Isso eu acho que não ocorre aqui", declarou.

DESGASTE
O presidente da Odebrecht afirmou ainda que a Lava Jato "está gerando desgaste desnecessário para a Petrobras e as empresas nacionais" e que "nós devíamos cuidar melhor tanto da imagem da Petrobras como das empresas nacionais".

Em sua fala inicial, Marcelo disse que "sempre" esteve à disposição para ser ouvido antes de ser preso, mas reclamou que só foi ouvido uma vez pela Polícia Federal, e após a sua prisão.

Questionado pelo deputado Bruno Covas (PSDB-SP) se conversou sobre a relação entre a Odebrecht e a Petrobras em encontros com a presidente Dilma Rousseff e com o ex-presidente Lula, Marcelo respondeu positivamente. "É provável e mais do que natural", disse e ressaltou ter se tratado de conversas "republicanas" e que provavelmente falaria sobre o tema com amigos, empresários e outros políticos.

A questões sobre as acusações de fazer parte de um cartel de empreiteiras ou de pagamento de propina, por exemplo, Marcelo não quis comentar.

Apesar de preso e afastado do dia a dia da empresa, o empreiteiro disse que a Odebrecht "continua absolutamente sólida" e vai superar a crise. "Cada um de nós vai superar esse momento e vamos sair mais fortalecidos dessa crise", afirmou.

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