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Oposição silencia sobre Cunha para não inviabilizar impeachment

Presidente tem total controle sobre andamento dos pedidos de afastamento da petista do cargo

Por Folhapress
Publicado em 02 de outubro de 2015 | 21:13
 
 
Oposição silencia sobre Cunha para não inviabilizar impeachment Foto: José Cruz/Agência Brasil

Fiel escudeira do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), a oposição tem preferido o silêncio sobre as denúncias que pesam contra o peemedebista, temendo que manifestações contrárias a ele inviabilizem um eventual processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff.

Cunha tem total controle sobre o andamento dos pedidos de afastamento da petista do cargo. Nesta semana, ele arquivou cinco dos 14 que estavam sob sua mesa e afirmou, nesta sexta-feira (2), que espera decidir sobre os demais nos próximos dias.

A oposição firmou, há semanas, um acordo velado com Cunha sobre o rito do impeachment. Para não arcar sozinho com o ônus político da decisão, ele rejeitaria o pedido do ex-petista Hélio Bicudo, chancelado pelos oposicionistas, que entrariam com um recurso ao plenário para o processo então seguir tramitando.

Criticar Cunha pelas denúncias, seria arriscar quebrar esse acordo, na avaliação feita ao longo dessa semana. Integrantes dos maiores partidos de oposição, contudo, afirmam estar "entre a cruz e a espada".

"Se o abandonamos e apoiamos publicamente a renúncia da presidência ou a cassação do mandato dele, acabamos com qualquer possibilidade de impeachment, porque, a não ser que um oposicionista assumisse a presidência, o que é impossível ocorrer, nenhum outro parlamentar dará sequência ao impeachment", afirmou um deles.

Os deputados, contudo, concordam que, frente à opinião pública, a postura de afastamento dos fatos pode ser vista com ressalvas e até como apoio.

"Não posso falar 'em off', como estou falando com você, com meu eleitor e explicar isso. Sei que ele quer o impeachment, mas ele não entenderia o processo que é complexo", avaliou outro oposicionista.

As discussões sobre a situação de Cunha, que mesmo para os aliados próximos está "próxima do insustentável", foram retomadas essa semana com as notícias de que o presidente da Câmara teria contas bancárias na Suíça em seu nome e de familiares.

Após a divulgação das informações, aliados afirmam que o "clima ficou pesado e Cunha tem andado preocupado". Avaliam, ainda, que as próximas semanas devem ser "quentes" e os demais partidos devem começar a se posicionar com mais veemência.

Cunha nega as acusações. Em nota divulgada nesta sexta (1), Cunha reiterou afirmações que deu na CPI da Petrobras, em março, quando negou a existência de contas suas em outros países.

Essa semana, na quinta (1), durante sessão no plenário, Eduardo Cunha foi questionado pelo deputado Chico Alencar (PSOL-RJ) sobre as denúncias. Virado de costas para o deputado, o presidente ignorou o discurso e não comentou o assunto, como tem feito quando questionado em entrevistas à imprensa.

Apesar do silêncio público da oposição, um grupo de 15 deputados de 5 partidos -PSOL, Rede, PSB, PT e PMDB- apresentou um requerimento na quinta com questionamentos formais à Cunha sobre as denúncias atribuídas a ele. Regimentalmente, não há prazos para a resposta ser dada, assim como o presidente não tem obrigação de fazê-la.