Ofensiva

Para TJs, comissão é ‘retaliação’ 

Magistrados criticam iniciativa de Renan Calheiros de investigar supersalários do Judiciário e do MP

Qua, 16/11/16 - 02h00
Pauta. Em encontro com ministra Cármen Lúcia, parte dos magistrados tratou da investida de Renan contra o Judiciário e o Ministério Público | Foto: Carlos Humberto / STF - 14.11.2016

BRASÍLIA. Presidentes de Tribunais de Justiça reunidos nessa segunda-feira (14) com a presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministra Cármen Lúcia, viram como uma “retaliação” a iniciativa do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), de instalar uma comissão especial para levantar os supersalários do Judiciário e do Ministério Público (MP). Entidades representativas de juízes também reagiram à medida.

A ministra recebeu 26 presidentes de TJs em Brasília. No encontro, parte dos presentes tratou da investida de Renan contra o Judiciário e o MP.

A tentativa do senador de buscar respaldo do Palácio do Planalto provocou forte reação também de entidades do meio jurídico, que veem na movimentação do senador uma retaliação às investigações da operação Lava Jato e uma forma de colocar a opinião pública contra o Poder Judiciário. “A crise brasileira é decorrente de desvio de dinheiro público. Espero que o presidente Michel Temer, que é do meio jurídico, não encampe essa proposta esdrúxula”, disse o presidente da Associação dos Juízes Federais (Ajufe), Roberto Veloso.

O presidente da Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB), João Ricardo Costa, também criticou a iniciativa do senador e lembrou que “lá, no Planalto, tem algumas pessoas que estão sendo investigadas”. “É um processo de desconstrução do sistema de Justiça brasileiro, não tenho nenhuma dúvida. Renan quer tirar poderes dos juízes e usa esse discurso de salário para maquiar isso”, afirmou Costa.

“Isso foi discutido por alguns presidentes dos tribunais como se fosse realmente retaliação contra o Poder Judiciário, mas não foi assim que foi entendido pela grande maioria. É uma discussão sempre pública e acho que todas as grandes discussões nacionais devem passar pelo Congresso”, minimizou o presidente do TJ do Rio Grande do Norte, desembargador Cláudio Santos, que participou do encontro com Cármen Lúcia.

Para o presidente do TJ do Distrito Federal, desembargador Mário Machado, o movimento de Renan é “uma ofensiva da sociedade em relação aos supersalários que não sejam justificados”.
O senador conversou sobre a ofensiva com o presidente Michel Temer (PMDB) durante almoço realizado no sábado, na residência oficial da presidência do Senado. Renan nega que tenha tratado do assunto.

A relatora

Twitter. A senadora Kátia Abreu (PMDB-TO), que será relatora da comissão que vai analisar salários acima do teto, escreveu numa rede social que não fará perseguição a nenhum dos Três Poderes.

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