PT x PMDB

Partidos disputam ministério 

Petistas querem retomar Minas e Energia para gerir crise hídrica e apuração na Petrobras

Por Da Redação
Publicado em 01 de novembro de 2014 | 04:00
 
 
Curinga. Citado como possível ministro de várias pastas, Jaques Wagner poderia comandar Minas e Energia Carol Garcia/GOVBA/divulgação

Brasília. PT e PMDB abriram a disputa pelo controle do setor energético no segundo mandato da presidente Dilma Rousseff.

Peemedebistas do Senado querem manter o Ministério de Minas e Energia, que comandam desde 2005. O atual ministro, Edison Lobão, avisou a parentes e aliados que deixará o cargo para retomar, a partir de janeiro de 2015, seu mandato de senador pelo Maranhão.

O PT defende a saída de Lobão, especialmente após o nome do ministro aparecer na delação premiada à Justiça Federal feita pelo ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa. Além disso, querem que o ministério, ao qual estão subordinadas estatais como Petrobras e Eletrobras, componha um “núcleo duro” da Esplanada com diálogo direto com os responsáveis pela formulação da política econômica.

O argumento dos petistas é que o Ministério de Minas e Energia ganhou peso estratégico devido à situação de crise hídrica que tem afetado o nível dos reservatórios e a geração de energia e aos problemas de caixa das distribuidoras.

Também as denúncias de corrupção na Petrobras assumiram um alto grau de importância. O partido acredita que retirar o PMDB do comando ajudaria a transmitir a imagem de que o governo está interessado em apurar as denúncias de corrupção na Petrobras. Dessa forma, a pasta precisaria estar mais próxima do Planalto, atuando em sintonia com os futuros titulares da Fazenda e da Casa Civil, por exemplo.

O senador Walter Pinheiro (PT-BA) afirmou que, no próximo governo, a pasta não pode ser vista como um “ministério qualquer”. “Precisa fazer parte do núcleo mais importante do governo”, argumentou. Não por acaso, um dos nomes cotados pelo partido para assumir o posto hoje ocupado pelo peemedebista Edison Lobão, afilhado político de José Sarney (PMDB-AP), é o do governador da Bahia, Jaques Wagner. Próximo à Dilma e fortalecido no PT por ter eleito seu candidato ao governo estadual ainda no primeiro turno, Wagner deverá ter papel de destaque no próximo mandato.

O chefe de gabinete de Dilma, Giles Azevedo, que foi secretário de Minas e Metalurgia quando a petista comandou o ministério, é outro cotado. Não se sabe o grau do envolvimento do ministro Lobão com o esquema de corrupção na estatal, mas operadores do governo tratam sua queda como inevitável. Primeiro por atender à estratégia do Planalto de extinguir, no segundo mandato de Dilma, os feudos partidários. E segundo, por aproveitar o enfraquecimento político do padrinho de Lobão, o ex-presidente e senador José Sarney (PMDB-AP).

Resistência

Argumento. OPMDB está decidido a lutar pela pasta. O principal argumento para garantir o ministério é o de que Dilma precisará do partido, caso queira garantir o apoio político na Casa.

Postulante
O governador Cid Gomes (PROS) negou a possibilidade de assumir o Ministério da Educação (MEC) no segundo mandato da presidente Dilma Rousseff e afirma ir para Washington (EUA) para trabalhar como consultor no Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). “O meu projeto pessoal é passar uma temporada fora do Brasil”, disse. Sobre o possível convite da presidente Dilma Rousseff para o MEC, Cid Gomes disse que não foi convidado formalmente por Dilma para ocupar o cargo em Brasília.

Eleição rende cisão em 14 Estados

São Paulo
. As eleições para governador deixaram um saldo de conflitos entre PT e PMDB nos Estados. O rompimento de alianças e o acirramento da campanha levaram atrito a 14 Estados.

A disputa abalou a relação entre petistas e peemedebistas no Ceará, no Espírito Santo, no Piauí, no Rio de Janeiro e no Rio Grande do Norte. Em outros nove Estados (Acre, Amapá, Bahia, Mato Grosso do Sul, Pernambuco, Paraná, Roraima, Rio Grande do Sul e Santa Catarina) a rivalidade já existia, mas só aumentou ao longo deste ano.

Faltosos
Ressaca.
Após o “recesso branco” durante a eleição, os deputados federais retornaram às atividades nesta semana. No entanto, alguns parlamentares mineiros não apareceram para votar nas sessões marcadas.

Ausentes. Dos 53 nomes que representam o Estado na Câmara Federal, nove não participaram de nenhuma das duas sessões deliberativas, ou seja, aquelas em que há votação de projetos, realizadas na terça e na quarta-feira.

Chamada. Os faltosos foram: Aelton Freitas (PR), Alexandre Silveira (PSD), Bonifácio Andrada (PSDB), Carlos Melles (DEM), Gabriel Guimarães (PT), João Bittar (DEM), José Humberto (PSD), Newton Cardoso (PMDB) e Rodrigo de Castro (PSDB).

Constituinte
Tentativa.
Foi protocolado na Câmara, projeto de decreto legislativo para a convocação de uma assembleia constituinte exclusiva para a reforma política.

Líderes. Encabeçada por Luiza Erudina (PSB) e Renato Simões (PT), a lista de apoio ao projeto conta com a assinatura de 185 deputados, de várias siglas.

Procedimento. Se o projeto for aprovado, os eleitores brasileiros irão às urnas para dizer “sim” ou “não” à seguinte questão: “Você é a favor de uma Constituinte exclusiva e soberana do sistema político?”