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Patriota afasta presidente do partido às vésperas da filiação de Bolsonaro

'Adilson Barroso foi afastado por 90 dias, podendo haver prorrogação justificada de mais 90 dias', disse o presidente interino do partido

Por Estadão Conteúdo
Publicado em 24 de junho de 2021 | 18:40
 
 
SP - VEJA/FÓRUM/BOLSONARO - POLÍTICA - O deputado Jair Bolsonaro participa do evento Amarelas ao Vivo, organizado pela Revista Veja, no Teatro Cetip, na capital paulista, nesta segunda- feira, 27. Bolsonaro, que já se declara pré-candidato à Presidência da República, confirmou nesta segunda-feira, 27, que vai se filiar em março ao PEN, partido que poderá lançar sua candidatura. "Tenho acordo com Adilson Barroso presidente da sigla para ir ao PEN em março do ano que vem", disse o parlamentar em participação no fórum realizado pela Veja. 27/11/2017 - Foto: MARCELO CHELLO/CJPRESS/ESTADÃO CONTEÚDO Foto: ESTADÃO CONTEÚDO

Uma convenção nacional do Patriota decidiu nesta quinta-feira, 24, afastar por 90 dias Adilson Barroso da presidência do partido. A convenção foi convocada pelo vice-presidente da sigla, Ovasco Resende, que agora assume o comando de forma interina. A mudança ocorre no momento em que o presidente Jair Bolsonaro negocia a filiação à legenda.

Barroso é a favor da entrada de Bolsonaro no partido e Resende, contra. Antes do novo conflito, aliados do presidente haviam dito que ele planejava se filiar no Patriota até o fim deste mês "Adilson Barroso foi afastado por 90 dias, podendo haver prorrogação justificada de mais 90 dias. Nosso quórum (participação mínima para reunião ter validade) é legítimo", disse o presidente interino do Patriota ao Estadão.

Barroso afirmou, porém, que a convenção não tem efeito. Disse que, como presidente do partido, já determinara a nulidade da reunião logo que foi publicado o edital de convocação no Diário Oficial da União, na semana passada. "Não tem fundamento. Então, não necessita nem mesmo a gente entrar na Justiça", reagiu Barroso. "A reunião deles, além de não ter fundamento jurídico e estatutário nenhum, ainda faz um ato de expulsão. É como se um funcionário de uma empresa juntasse cinco ou seis e fizesse uma expulsão de outro funcionário, sem o patrão querer, nem nada".

A articulação de Bolsonaro para se filiar ao Patriota e controlar diretórios estratégicos deflagrou uma guerra entre correligionários. Barroso, por exemplo, já promoveu duas convenções com o objetivo de abrir caminho para a filiação de Bolsonaro, mas uma ala contesta a validade dos encontros.

A convenção desta quinta-feira é a terceira em menos de um mês. Resende disse ao Estadão que Bolsonaro está exigindo o comando dos diretórios do Patriota em São Paulo, Rio e Minas Gerais, os três maiores colégios eleitorais do País.

Desde que deixou o PSL, em novembro de 2019, o presidente procura uma sigla para abrigar sua candidatura a um novo mandato, em 2022. Tentou montar o Aliança pelo Brasil, mas a empreitada não deu certo.

Meio caminho

Apesar da disputa no Patriota, Bolsonaro ainda parece disposto a se filiar ao partido. Recentemente, ele disse a apoiadores, recentemente, que está "quase tudo certo". No último dia 16, o presidente se reuniu no Palácio da Alvorada com deputados do seu grupo no PSL e afirmou que estava "a meio caminho andado" da filiação.

Filho mais velho do presidente, o senador Flávio Bolsonaro (RJ) foi o primeiro a se filiar ao Patriota, que vive uma briga interna sem fim. Egresso do antigo PRP, o presidente interino do partido classificou o processo para filiar Bolsonaro à legenda como desrespeitoso.

"Sou dirigente partidário e hoje estou sendo tratado como um convidado. É falta de respeito e de verdade", disse Resende ao Estadão.

Na última convenção do Patriota, realizada no dia 14 sob a presidência de Barroso, Flávio externou a preocupação do presidente sobre a disputa no partido. Disse que Bolsonaro não iria "cortar a cabeça de ninguém", mas precisava de "segurança jurídica" para se filiar.

Barroso nega irregularidades apontadas pelo grupo de Resende, como mudanças no estatuto sem quórum qualificado e desligamento compulsório de dirigentes. Na prática, Barroso pretendia fazer uma intervenção para mudar o comando de diretórios estaduais, com o objetivo de abrigar o grupo político de Bolsonaro. "É uma benção, um grande milagre termos o presidente no partido, mas eles não entendem isso", insistiu.