Proposta

PEC acaba com acúmulo de aposentadoria da ALMG com salário do TCE

Se for aprovada, medida terá validade para novos casos, não influenciando nos benefícios recebidos atualmente pelos conselheiros

Por Sávio Gabriel
Publicado em 21 de abril de 2020 | 20:58
 
 
Deputado Alencar da Silveira Jr. (PDT) é o autor da proposição Foto: Sidney Mesquita/reprodução

Deputados estaduais que venham a ser nomeados para ocupar um cargo de conselheiro do Tribunal de Contas (TCE-MG) e que já recebam aposentadoria pela Assembleia Legislativa de Minas (ALMG) podem ser impedidos de acumular o benefício com o salário recebido pela Corte. É o que prevê uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que começou a tramitar na ALMG. Caso seja aprovada, a medida terá validade para novos casos, não influenciando nos benefícios recebidos atualmente pelos conselheiros.

A iniciativa é do deputado Alencar da Silveira Jr (PDT). “Não podemos ter duas fontes de renda para o mesmo conselheiro. Os deputados que forem para o TCE vão ter que optar pela aposentadoria da Assembleia e salário do tribunal”, informou, explicando que os parlamentares têm direito à aposentadoria pela ALMG após cumprirem oito mandatos consecutivos.

Atualmente, conforme o portal da transparência do TCE-MG, um conselheiro recebe R$ 35,4 mil mensais. Dos sete conselheiros, cinco são ex-deputados estaduais: Mauri Torres (presidente do TCE), José Alves Viana (vice-presidente), além de Wanderley Ávila, Sebastião Helvécio e Durval Ângelo.

A composição da corte segue uma regra e, pelas normas atuais, quatro assentos são indicados pela ALMG e três são de indicação do Palácio Tiradentes. No entanto, conforme explicou a assessoria do TCE-MG, apenas uma indicação do governo é de livre nomeação. Uma precisa ser de algum servidor de carreira do Ministério Público de Contas e outra de algum servidor de carreira de conselheiro substituto.

O pedetista diz que quer estender a regra para as demais indicações. “Se a pessoa for do governo, num cargo efetivo, ela também tem direito (ao acúmulo). Queremos que, com o projeto, não se possa ter duas fontes de renda, seja nomeado pela Assembleia ou pelo governo. Qualquer conselheiro do TCE não vai poder acumular a aposentadoria (com o salário)”, reforçou.

O deputado esclarece ainda que a PEC, se aprovada e sancionada, vai valer apenas para as novas indicações. “Direito adquirido é para ser respeitado no Brasil e não posso fazer nada”.

Alencar da Silveira também admitiu que tem interesse em se candidatar a uma vaga para conselheiro do TCE. “Tenho interesse e vou disputar. Não tenho dificuldades em relação a isso, e mostro que, se eu quero ir para o tribunal, não é por conta de salário, mas por achar que posso ajudar muito aquela Casa”. 

Tramitação

Por ser uma PEC, a matéria precisa de quórum qualificado para ser aprovada na ALMG, contando com a aprovação de 48 parlamentares. “Não acredito que terá resistência. A Assembleia vem fazendo sua a parte e a ideia da proposta não é ruim. Temos que mudar. Estamos passando por uma fase agora e vamos mudar daqui para frente”, disse o deputado, ressaltando que a medida será aprimorada pelos seus pares antes de ser votada.