Operação

Polícia Federal cumpre mandados em imóveis de Aécio Neves

Ações fazem parte de operação baseada em delações de Joesley Batista e Ricardo Saud, que relataram repasse de propina de quase R$ 110 milhões ao senador

Por Luiz Fernando Motta
Publicado em 11 de dezembro de 2018 | 06:56
 
 

Agentes da Polícia Federal e do Ministério Público cumprem mandados de busca e apreensão em imóveis do senador Aécio Neves (PSDB) na manhã desta terça-feira (11), em Belo Horizonte e no Rio de Janeiro.

A ação é baseada em delações de Joesley Batista e Ricardo Saud, que relataram repasse de propina de quase R$ 110 milhões ao senador.

De acordo com a Polícia Federal, a operação Ross investiga o recebimento das vantagens indevidas entre os anos de 2014 e 2017, pelo grupo JBS, que teria efetuado o pagamento, inclusive para fins da campanha presidencial de 2014.

São investigados três senadores - Aécio Neves (PSDB), Antônio Anastasia (PSBD), e Agripino Maia (DEM) - e três deputados - Cristiane Brasil (PTB), Benito da Gama (PTB), Paulinho da Força (Solidariedade).

Os mandados de busca e apreensão foram sendo cumpridos nos imóveis de Aécio e de Paulinho da Força. O Supremo Tribunal Federal (STF) não autorizou cumprimento de mandados nos endereços dos outros políticos investigados.

Em documento de 40 páginas enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF), a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, afirmou não ver motivos para buscas sobre Anastasia, uma vez que "falta qualquer indício de conhecimento, por parte dele, de que tal contribuição decorresse de contrapartida corruptiva".

Os policiais estão no apartamento de Aécio, na Avenida Vieira Souto, em Ipanema, na Zona Sul do Rio. Há equipes também na casa da irmã do senador, Andréa Neves, em Copacabana. O primo dele, Frederico Pacheco, também seria alvo da operação.

A operação foi autorizada pelo ministro Marco Aurélio Mello, do STF, e é um desdobramento da Patmos, deflagrada em maio de 2017, quando um pedido de prisão chegou a ser feito pela Procuradoria-Geral da República ao tucano, mas negado pelo STF.

Os valores investigados teriam sido utilizados também para a obtenção de apoio político. De acordo com a Polícia Federal, suspeita-se que os valores eram recebidos  através da simulação de serviços que não eram efetivamente prestados e para os quais eram emitidas notas fiscais frias.

Aproximadamente 200 policiais federais dão cumprimento a 24 mandados de busca e apreensão expedidos pelo Supremo Tribunal Federal, e realizam 48 intimações para oitivas. As medidas estão sendo cumpridas em Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia, Rio Grande do Norte, Mato Grosso do Sul, Tocantins, Amapá e no Distrito Federal.

São investigados os crimes de corrupção passiva, organização criminosa, lavagem de dinheiro e associação criminosa.   

Em nota, a defesa do senador Aécio Neves diz que "o inquérito policial baseia-se nas delações de executivos da JBS que tentam transformar as doações feitas a campanhas do PSDB, e devidamente registradas na Justiça Eleitoral, em algo ilícito para, convenientemente, tentar manter os generosos benefícios de seus acordos de colaboração".

Confira na íntegra a nota assinada pelo advogado Alberto Zacharias Toron:

O senador Aécio Neves sempre esteve à disposição para prestar esclarecimentos e apresentar todos os documentos que se fizessem necessários às investigações, bastando para isso o contato com seus advogados.

O inquérito policial baseia-se nas delações de executivos da JBS que tentam transformar as doações feitas a campanhas do PSDB, e devidamente registradas na Justiça Eleitoral, em algo ilícito para, convenientemente, tentar manter os generosos benefícios de seus acordos de colaboração.

A correta e isenta investigação vai apontar a verdade é a legalidade das doações feitas.