Estratégia

Políticos entram na moda  dos selfies em ano eleitoral  

A postagem das fotos não tem sido encarada como uma forma ostensiva de fazer campanha

Sáb, 19/04/14 - 03h00

Se nas eleições passadas a novidade era a criação de perfis dos candidatos no Facebook e Twitter para mostrarem detalhes de suas vidas pessoais ao eleitorado, a modernidade da vez são os selfies – autorretratos tirados com o uso de celulares e postados em seguida nas redes sociais.

Desde a polêmica iniciada pela fotografia tirada pelo presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, ao lado da premiê dinamarquesa, Helle Thorning-Schmidt, e do premiê britânico, David Cameron, durante o funeral de Nelson Mandela no ano passado, políticos brasileiros passaram a aderir à moda. E, como vale quase tudo para conseguir votos, no ano eleitoral os selfies mais populares vêm dos próprios pré-candidatos, em especial entre os postulantes ao Planalto.

Não faltam registros da presidente Dilma Rousseff (PT) tirando fotografias em suas agendas – a maioria ao lado de populares. A selfie mais recente da petista é com operários do porto de Suape, em Pernambuco. Em meio a crise envolvendo a Petrobras, ela fez questão de se aproximar dos funcionários da empresa que acompanhavam o evento.

A imagem caiu tanto no gosto popular que ganhou destaque nas redes sociais e também no perfil “Dilma Bolada”, que exalta a presidente na internet. Agora, os autorretratos da presidente são chamados de “Rousselfie”.

Adversário da petista, o senador mineiro e pré-candidato à Presidência, Aécio Neves (PSDB), também aderiu à moda dos selfies. Mas, diferentemente da presidente, ele não restringe suas fotos a eventos públicos. Em diversas ocasiões, o tucano já registrou momentos pessoais e disponibilizou aos seus seguidores na rede. Durante o Carnaval deste ano, por exemplo, Aécio publicou no Instagram uma fotografia sua ao lado da irmã Ângela, que passou recentemente por problemas de saúde.

Os pré-candidatos da terceira chapa formada para disputar neste ano a Presidência da República também têm tentado aproximar seus cotidianos da população. O ex-governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), registrou no Instagram evento do partido em Salvador. Já a ex-senadora e pré-candidata a vice, Marina Silva (PSB), ao estrear nesta semana seu perfil na mesma rede social, postou fotografia tirada por ela própria ao lado do pai, da mãe e familiares.

Análise. Para o consultor político e marqueteiro Hélvio de Avelar, da PUC Minas, os selfies são estratégias que podem atingir de forma mais direta o público adepto da internet, gerando ganhos políticos. E, justamente por terem um ar mais informal, dão à “ação eleitoral” um ar menos profissional. “Os selfies demonstram que o candidato é adepto da tecnologia e, claro, aproxima os políticos dos eleitores, de uma forma menos formal”, argumenta.

Segundo o especialista, dependendo de quem compõe a foto com o político, o impacto pode ser ainda maior. “A Dilma postando selfie no evento da Petrobras, no momento em que há essa série de escândalos, acaba embasando também o discurso dela”, avalia.

Tecnológica

Troca. Nas campanhas eleitorais em que o uso da internet e das redes sociais é cada vez mais comum, é natural, na análise dos especialistas, a substituição dos tradicionais santinhos.

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