Odebrecht

Prazo até 2ª para explicar relação com foragido 

Se não houver manifestação, dono deve seguir na cadeia

Ter, 07/07/15 - 20h30
Marcelo Odebrecht está preso desde o último dia 19 de junho | Foto: ANTôNIO MORE

Curitiba. O juiz federal Sérgio Moro, que conduz as ações penais da operação Lava Jato, deu prazo até segunda-feira (13) para que a Odebrecht explique qual a relação do doleiro foragido Bernardo Freiburghaus com a empreiteira diante da revelação de que ele manteve 135 contatos telefônicos com Rogério Araújo, diretor da empresa, afastado do cargo depois que foi preso em 19 de junho.

Araújo é apontado como um dos responsáveis pelos pagamentos de propinas no esquema de cartel e corrupção na Petrobras.

“Resolvo a bem da ampla defesa, antes de decidir sobre o novo pedido de prisão preventiva, conceder nova oportunidade à Odebrecht e aos seus executivos”, estabeleceu Moro, em despacho dessa terça-feira, em que analisa parecer do Ministério Público Federal pela necessidade de manutenção da detenção dos executivos e do presidente da empreiteira, Marcelo Bahia Odebrecht.

Documentos anexados pela força-tarefa da Lava Jato aos autos da investigação na segunda-feira revelam os contatos diretos entre Araújo e Freiburghaus, entre 2010 e 2013, e depósitos na Suíça em contas do ex-diretor da Petrobras, Paulo Roberto Costa.

Moro alertou que, no dia 2 de julho, deu prazo para que a Odebrecht e a defesa dos executivos se manifestassem e esclarecessem a suposta relação da empresa com o operador de propinas Freiburghaus. Segundo o magistrado, porém, a empresa não se manifestou.

“Isso ainda não foi feito, muito embora a Odebrecht e a defesa dos executivos tenha inclusive peticionado nos autos sobre outras questões. Resolvo a bem da ampla defesa, antes de decidir sobre o novo pedido de prisão preventiva, conceder nova oportunidade à Odebrecht e aos seus executivos”.

O juiz da Lava Jato quer que a Odebrecht esclareça não só as transferências apontadas pela Procuradoria da República, supostamente relacionadas à empresa, como também o motivo dos contatos telefônicos entre o executivo Rogério Araújo e o operador de propinas, que reside na Suíça e é dado formalmente como foragido pela Justiça brasileira.

Mais propina. A força-tarefa da Lava Jato suspeita que a Odebrecht pagou propinas também para o ex-diretor da área Internacional da Petrobras, Nestor Cerveró, preso desde janeiro.

A informação consta de manifestação do Ministério Público Federal. Em petição, nove procuradores da República reafirmam a necessidade da manutenção do decreto de prisão preventiva de executivos e do presidente da Odebrecht, todos da maior empreiteira do país.

A suspeita nasceu do rastreamento de uma operação de dólar-cabo feita, segundo a força-tarefa, por Freiburghaus no banco Julius Baer, na Suíça, e o estatístico Alexandre Amaral de Moura. Em depoimentos aos procuradores, Moura detalhou a transação em que autorizou as transferências de US$ 300 mil para a conta Forbal, de Cerveró, e de US$ 340 mil para a conta Quinus, de Paulo Roberto Costa.

---

O TEMPO reforça o compromisso com o jornalismo mineiro, profissional e de qualidade. Nossa redação produz diariamente informação responsável e que você pode confiar.

Siga O TEMPO no Facebook, no Twitter e no Instagram. Ajude a aumentar a nossa comunidade.