Triângulo Mineiro

Prefeita de Ituiutaba promete distribuir absorventes de graça

Leandra Guedes (Avante) criticou o veto do presidente Jair Bolsonaro à distribuição gratuita de absorventes para mulheres em situação de vulnerabilidade

Seg, 11/10/21 - 14h13

A prefeita de Ituiutaba, Leandra Guedes (Avante), promete distribuir absorventes de graça às mulheres do município em situação de vulnerabilidade. O anúncio foi feito, no último domingo (10), por meio das redes sociais, três dias após o presidente Jair Bolsonaro vetar parcialmente o Projeto de Lei 4.869/2019. O texto, de autoria da deputada federal Marília Arraes (PT-PE), se sancionado na íntegra, permitiria a distribuição gratuita de absorventes para estudantes de baixa renda de escolas públicas, mulheres em situação de rua ou de extrema vulnerabilidade e mulheres encarceradas como política pública de combate à pobreza menstrual.

Conforme Leandra, enquanto prefeita e mulher, mandará distribuir absorventes de graça sem que ninguém a impeça. “O Governo federal disse não ter interesse em disponibilizar absorventes de graça para as mulheres em situação de vulnerabilidade”, pontuou. “Mas aqui, na Prefeitura dessa cidade, tem uma mulher brasileira, guerreira, com vergonha na cara e com sensibilidade, por isso eu vou fornecer os absorventes para as mulheres que precisam sim!”, afirmou Leandra. 

A prefeita de Ituiutaba acrescentou que, caso algum político homem queira aprender como se faz, ela mesma ensina. “Sou a primeira prefeita do país a fazer isso e espero que sirva de exemplo para todo o Brasil, em especial para todas nós mulheres. Está na hora de a gente se impor, de nos empoderarmos, lutarmos e exigirmos os nossos direitos!” Em 4 de setembro, o governador Romeu Zema (Novo) sancionou o acesso gratuito de mulheres em situação de vulnerabilidade a absorventes em Minas Gerais. A proposta foi elaborada em âmbito estadual pela deputada Leninha (PT).

Ao ser questionada por seguidores de onde sairiam os recursos para viabilizar a distribuição dos absorventes, Leandra declarou, já nesta segunda-feira, que vai tirar “do dinheiro que não roubei, da propina que não recebi, e das vantagens indevidas que não aceitei”. “Na minha gestão, é assim: dinheiro do povo volta para o povo e ponto final!”, concluiu. Ao vetar a política de combate à pobreza menstrual, Bolsonaro havia argumentado que o texto do projeto de lei não estabelecia fonte de custeio.

Entretanto, a matéria previa que o dinheiro viria dos recursos destinados pela União ao Sistema Único de Saúde (SUS) – e, no caso das presidiárias, do Fundo Penitenciário Nacional. Além disso, a relatora do projeto na Câmara, deputada Jaqueline Cassol (PP-RO), estimou no seu parecer um gasto de R$ 84,5 milhões por ano, com a delimitação do público a ser atendido de, aproximadamente, 5,7 milhões de mulheres.

Desde a decisão de Bolsonaro, deputados e senadores já se manifestaram favoravelmente à derrubada do veto, inclusive o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG). Em entrevista no último domingo, durante visita a Guarujá (SP), o presidente da República disse que, caso o Congresso derrube o veto, ele tirará dinheiro da Saúde e da Educação para custear a ação.

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