Crise sem fim

Pressão sobre Pacheco cresce

Planalto atende pleito do presidente da CCJ e coloca indicado do deputado no comando de Furnas

Por Da Redação
Publicado em 01 de julho de 2017 | 03:00
 
 
Resistência. Pacheco garante que não mudará postura independente, mesmo com indicação para Furnas Alex Ferreira / Câmara dos Deputados - 27.6.2017

BRASÍLIA. Com a chegada da denúncia contra o presidente Michel Temer na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara, o presidente do colegiado, Rodrigo Pacheco (PMDB-MG), não terá mais a “corda solta” para adotar o discurso de “independência” do governo federal. A pressão para que ele nomeie um relator para o caso alinhado com o Planalto chegou com tudo, sob a forma de “morde e assopra”. De um lado, a tropa de choque de Temer ameaça expulsá-lo do partido. Do outro, o Planalto decidiu atender a um pleito antigo do mineiro: a diretoria de Furnas.

Para evitar a pressão antecipada do governo sobre o futuro relator da denúncia, Pacheco adiou para a próxima semana o anúncio do escolhido. Fontes próximas destacaram que seria “inadequado” Pacheco revelar o nome do relator às vésperas de um fim de semana, deixando o indicado exposto às ações da tropa de choque do governo. O peemedebista deve anunciar o nome até a próxima terça-feira.

Pacheco tem resistências a indicar os deputados Alceu Moreira (PMDB-RS), Jones Martins (PMDB-RS) ou Laerte Bessa (PR-DF), preferidos do Palácio do Planalto. Segundo relatos, ofertas e recados a Pacheco se intensificaram desde que a denúncia da Procuradoria Geral da República (PGR) chegou à comissão, o que vem sendo visto por ele como tentativa de constrangimento. Segundo a “Coluna do Estadão”, o Palácio do Planalto oferece agora a troca do presidente de Furnas para agradar o peemedebista. Na negociação, sairia Ricardo Medeiros e entraria Julio Cesar Andrade. Pacheco alega que a indicação foi assinada no ano passado por sete parlamentares da bancada mineira do PMDB, questiona a retomada do tema às vésperas da indicação da relatoria e avisa que isso não vai interferir em sua escolha.

Publicamente, o peemedebista sustenta o discurso de independência e, para a oposição, segundo relatos, avisou que não cederá às investidas dos aliados do Planalto. Figuram na bolsa de apostas de possíveis relatores Sérgio Zveiter (PMDB-RJ), Esperidião Amin (PP-SC), José Fogaça (PMDB-RS) e os tucanos Betinho Gomes (PE), Fábio Sousa (GO), Evandro Gussi (PV-SP) e Tadeu Alencar (PSB-PE).

Governo de Minas. Pacheco, que vem sendo assediado por outros partidos para se lançar candidato ao governo de Minas em 2018, é ligado ao vice-governador mineiro, Antônio Andrade (PMDB). Diante da fragilidade política do governador Fernando Pimentel (PT) e dos tucanos no Estado, Pacheco vê na aliança com Andrade uma oportunidade para ocupar o espaço deixado por PT e PSDB.

Trocas. O PMDB indicou seu vice-líder de bancada, deputado Carlos Marun (MS), para uma das vagas de suplente na CCJ. Marun é um dos membros da tropa de choque do governo na Câmara. A mudança ocorre após a ida do deputado Valtenir Pereira (MT) para o PSB. Valtenir era do PMDB, e a bancada reivindicou a vaga na comissão.

Marun é um dos mais ferrenhos defensores do presidente, assim como se manteve fiel ao ex-deputado Eduardo Cunha até o momento de sua cassação.